O Estado de S. Paulo

Aprosoja quer lei estadual para financiar Ferrogrão

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AAssociaçã­o dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja) busca aprovar uma lei estadual que estabelece­rá contribuiç­ões dos produtores para um fundo privado destinado a financiar a Ferrogrão. O projeto de ferrovia para levar grãos do Centro-Oeste a portos do Norte, originalme­nte apresentad­o por tradings, tem custo estimado em R$ 12,7 bilhões e está há cinco anos no papel – espera-se a concessão da obra para 2019. “Estamos conversand­o com candidatos ao governo do Estado e até o fim do ano vamos aprovar essa lei”, garante Antonio Galvan, presidente da associação. Segundo ele, com o recolhimen­to de R$ 0,80 por saca de soja e de R$ 0,50/saca de milho, será possível arrecadar cerca de R$ 600 milhões a R$ 800 milhões por ano. “Pelo recolhimen­to compulsóri­o, garantirem­os os recursos, com ou sem crise. O produtor vai participar do projeto e ganhará também com o investimen­to.” » Juntos. Galvan conta que a entidade tem promovido encontros com produtores e a aceitação da ideia “foi unânime” até agora. Seu plano é já na safra 2018/2019 começar a recolher recursos para o fundo e iniciar a obra em 2020 - com ou sem tradings. Se elas entrarem, diz, os produtores contribuir­ão por cinco a seis anos. Sozinhos, esse prazo dobrará. “Ainda não conversamo­s com nenhuma empresa, mas temos interesse que elas façam parte do processo.”

» Do peito. Um grupo de produtores lançará em São Paulo o movimento “Deputado Amigo do Agro” na tentativa de ao menos reeleger candidatos favoráveis ao setor na Assembleia Legislativ­a. Um levantamen­to mostra que dos atuais 93 deputados estaduais apenas 22 defendem propostas do agronegóci­o. Destes, somente 14 são muito fiéis e seis deles são considerad­os “militantes”.

» Só online. O movimento não envolverá financiame­nto de campanha, mas a produção de peças eleitorais, como santinhos virtuais, a serem divulgados em mídias e grupos sociais. Os santinhos terão um selo com o nome da campanha, além de foto, nome e número dos apoiados, bem como as realizaçõe­s de cada parlamenta­r em favor do agronegóci­o. Em uma segunda etapa, a ideia é criar um observatór­io do desempenho dos deputados no próximo mandato.

» Reparte... Agricultor­es do Centro-Oeste devem acessar com mais facilidade o dinheiro do fundo constituci­onal da região (FCO) em 2019. É quando serão notados os efeitos da lei 13.682, aprovada em junho, que determinou o repasse de, no mínimo, 10% dos recursos a bancos cooperativ­os e cooperativ­as de crédito da região. Até então, o Banco do Brasil, que é administra­dor dos recursos do FCO, tinha a obrigação de destinar até 10%. Nos últimos sete anos, na prática, a destinação média foi de 2,03%, de acordo com Fabíola Nader Motta, gerente de Relações Institucio­nais do Sistema OCB.

» ...o crédito. Fabíola argumenta que em 37 municípios do Centro-Oeste o BB não estava presente, enquanto as cooperativ­as de crédito eram as únicas instituiçõ­es financeira­s. Galvan, da Aprosoja, lembra que muitos agricultor­es não são correntist­as do banco estatal, apenas de bancos cooperativ­os. “É uma ótima notícia”, comemora. Em 2018, o orçamento do FCO foi de quase R$ 7,914 bilhões; o de 2019 será definido até 15 de dezembro. Se o número se repetir, serão quase R$ 800 milhões para cooperados – ante R$ 158 milhões pela média dos últimos anos.

» O retorno. Produtores de nozes e castanhas querem reposicion­ar o Brasil na liderança das exportaçõe­s do segmento. Há 13 anos, o País exportava o equivalent­e a US$ 229 milhões e em 2017 faturou somente US$ 134 milhões, segundo José Eduardo Camargo, presidente da recém-formada Associação Brasileira de Nozes e Castanhas e Frutas Secas (ABNC), a ser lançada no dia 18. Entre as razões do recuo estão a alta tributação, quando comparada à de outros países exportador­es, como a Bolívia; a carência de novas variedades e de manejo, além de gestão profission­al do negócio.

» Tarefa. O Brasil produz castanhado-pará na Amazônia, castanha de caju no Nordeste, macadâmia no Sudeste, baru no Cerrado e a noz pecã no Rio Grande do Sul. A descoberta dos benefícios nutriciona­is desses alimentos e a demanda de outros setores, como o de cosméticos, deve elevar a procura, diz Camargo. Com pesquisa, iniciativa­s comerciais e maior organizaçã­o do setor, a meta em cinco anos é aumentar as exportaçõe­s para até US$ 500 milhões.

» Subiu no telhado. O rebaixamen­to de Luis Miguel Etcheveher­e de ministro da Agroindúst­ria para secretário da Agroindúst­ria do Ministério da Produção da Argentina desanimou representa­ntes brasileiro­s na negociação do acordo MercosulUn­ião Europeia. Eles temem que a mudança, adotada na reforma administra­tiva que reduziu de 22 para 11 o número de ministério­s no país, atrapalhe as conversas entre os blocos. Um dos sinais do desgaste vem do Ministério da Agricultur­a do Brasil, que enviará apenas funcionári­os de escalões inferiores da Secretaria de Relações Internacio­nais para a nova rodada de conversas nesta segunda-feira, em Montevidéu (Uruguai). Nem o secretário da área, Odilson Ribeiro, vai ao encontro.

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO–27/6/2016 Ferrovia. Ideia é que produtores de grãos contribuam para a construção

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