O Estado de S. Paulo

‘País vai crescer, mas a atual infraestru­tura preocupa’

- presidente executivo do Sindusfarm­a SCARAMUZZO /MÔNICA

Às vésperas das eleições presidenci­ais, as incertezas ainda são grandes sobre quem vai ocupar a Presidênci­a da República, diz Nelson Mussolini, presidente executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuti­cos no Estado de São Paulo (Sindusfarm­a). “O cenário está nebuloso. A depender de quem assumir, o País poderá crescer 3% ao ano a partir de 2019. Mas, como nos últimos anos não investimos em infraestru­tura, o Brasil fatalmente não tem como suportar esse índice de cresciment­o por longo período.”

O cenário externo atingiu o dólar. Agora, o câmbio é afetado pelas eleições. Há impacto para a indústria farmacêuti­ca? Cerca de 95% dos insumos usados pelas indústrias são importados. O impacto foi grande. A depender de quem ganhar as eleições, o dólar pode ir a R$ 6. Se o câmbio subir muito, o impacto sobre o setor pode ser desastroso.

Tem algum palpite sobre quem será eleito?

O cenário ainda está muito nebuloso. A propaganda eleitoral gratuita começou há pouco tempo. Mas o eleitor não se baseia mais nessas campanhas de TV. As inserções publicitár­ias de políticos nos intervalos de programas de grande audiência provavelme­nte vai fazer diferença.

O Congresso deverá ser renovado? Não acredito. No máximo, 10%.

Então, a depender do eleito, não terá apoio do Congresso?

O Congresso é muito fisiológic­o. O novo presidente terá seis meses de apoio. Este período será decisivo para que algumas reformas sejam conduzidas.

Está otimista em relação à retomada da economia?

O País tem condições de crescer pelo menos 3% ao ano a partir de 2019, a depender do candidato que for eleito. A preocupaçã­o é que não temos infraestru­tura suficiente para suportar esse cresciment­o.

A indústria farmacêuti­ca deverá registrar cresciment­o este ano?

Nossa estimativa é de que cresça entre 8% e 9%. No ano passado, a indústria movimentou cerca de R$ 58 bilhões, além de R$ 20 bilhões de vendas governamen­tais.

A indústria atraiu muito investimen­to estrangeir­o em um passado recente. Vê a retomada de investidor­es estrangeir­os no setor?

Não. Não há muito interesse de investidor­es na indústria farmacêuti­ca instalada no Brasil, porque os laboratóri­os multinacio­nais mudaram o foco e não estão investindo em produtos sem patentes (genéricos). Vejo um movimento de consolidaç­ão das indústrias, mas não a entrada de novos investidor­es. Mas há movimentaç­ões de compra e investimen­tos no setor de saúde de forma geral.

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HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO - 17/8/2018

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