O Estado de S. Paulo

Primeiro fundo de índice de renda fixa será lançado hoje

ETF de gestora coreana começa a ser negociado hoje na Bolsa com taxa de 0,3% ao ano e IR de 15%

- Anna Carolina Papp Jéssica Alves

Em tempos de volatilida­de, o brasileiro tem agora mais um produto de renda fixa no cardápio da indústria trilionári­a de fundos. Começa a ser negociado hoje na B3 o primeiro ETF do segmento no País. O fundo, lançado pela gestora coreana Mirae Asset, tem vantagem tributária em relação a outras aplicações e um custo mais baixo do que a maioria dos fundos de renda fixa. O investidor, porém, deve ficar atento à taxa de corretagem.

Atualmente, existem no País 15 ETFs (Exchange Traded Funds, na sigla em inglês) – todos de renda variável. O ETF é um fundo que espelha determinad­o índice e tem cotas negociadas em Bolsa. O Bova11, por exemplo, replica o Índice Bovespa, ou seja, é composto pelas mesmas ações que formam o índice.

O produto da Mirae seguirá o desempenho de contratos de juros futuros com prazo médio de três anos. O índice utilizado – S&P/BM&F Juros Futuros – acumulou alta de 6,77% nos 12 meses encerrados em agosto, ligeiramen­te abaixo do CDI – taxa que baliza as aplicações de renda fixa –, que avançou 6,83%. Já nos 12 meses encerrados em julho, o índice superou o CDI: 10,67% ante 7,08%.

A adoção dessa referência surpreende­u o mercado, que aguardava por um índice composto por produtos como títulos do Tesouro Direto. “A nossa ideia foi sair do convencion­al – e esse índice é muito competitiv­o”, explica André Pimentel, diretor de investimen­tos da Mirae no Brasil.

“A Selic está num patamar baixo, mas curva de juros (expectativ­a de juros futuros) é completame­nte diferente – ela já capta a melhora na rentabilid­ade.”

O investimen­to mínimo no mercado secundário – ou seja, por meio de uma corretora de valores – será de uma cota, sendo o valor inicial R$ 10. A taxa de administra­ção é de 0,3% ao ano.

A principal vantagem do ETF será a alíquota de Imposto de Renda de 15% sobre a rentabilid­ade no momento do saque. Os fundos tradiciona­is e outras aplicações de renda fixa, como títulos públicos e CDBs, estão sujeitos a uma alíquota regressiva, que começa em 22,5% para saques até seis meses e vai até 15% após dois anos. Outro diferencia­l será a ausência do chamado come-cotas, tributação que ocorre duas vezes por ano, em maio e novembro.

Para o produto decolar, a Mirae terá como parceiro o banco BTG Pactual, que será o chamado market maker. O objetivo do “formador de mercado” é fomentar a liquidez do fundo, garantindo a disponibil­idade de compra e venda de cotas sempre que houver demanda.

O fundo da Mirae será o primeiro, mas no início de 2019 o investidor já terá outro ETF à disposição: o ID ETF, apoiado pelo Tesouro Nacional e pelo Banco Mundial. O gestor do fundo será o Itaú, que venceu o edital lançado em maio.

Diferentem­ente do fundo da Mirae, o ETF do Tesouro replicará o IMA-B (Índice de Mercado Anbima), compostos por títulos públicos indexados à inflação. O custo para o investidor deve ficar em torno de 0,5% ao ano.

Custos. Apesar de ser mais barato que a maioria dos fundos de renda fixa e de apresentar vantagem tributária, as taxas dos ETFs do segmento serão altas na comparação com as praticadas em outros países, observa Michael Viriato, coordenado­r do laboratóri­o de finanças do Insper. “Lá fora, esses ETFs têm taxas da ordem de 0,1% ao ano; aqui, elas serão a partir de 0,3%.”

Ele observa que, para o pequeno investidor, pode não valer a pena aplicar num fundo com taxa de 0,3% ao ano, que é a mesma taxa de custódia da B3 dos títulos públicos. “Além da taxa de administra­ção, por ter cota negociada em Bolsa, no ETF, o investidor terá de pagar a taxa de corretagem, ou seja, um valor por ordem de compra e outro por ordem de venda, que pode ser até R$ 20.”

Para valores pequenos, diz Viriato, é mais vantajoso continuar investindo no Tesouro Direto – que permite aplicação a partir de R$ 30 –, já que a maioria das corretoras não cobra taxa de custódia.

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GABRIELA BILO/ESTADÃO–6/2/2018 Bolsa. País já tinha 15 fundos de índices de renda variável sendo negociados na B3

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