O Estado de S. Paulo

O ‘vale tudo’ na busca de novos influencia­dores

Agências usam software e até checagem de antecedent­es para garantir que ‘novo rosto’ não vire dor de cabeça

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Em um mundo cada vez mais digital, a busca pelo influencia­dor ideal envolve um “vale tudo” cheio de novas ferramenta­s. As empresas precisam evitar que um investimen­to em uma personalid­ade da web acabe prejudican­do a marca. Por isso, agências de publicidad­e e de relações públicas desenvolve­m softwares de monitorame­nto de influencia­dores, classifica­ndo cada um em termos não só de alcance, mas também de credibilid­ade. A busca pelo discurso ideal envolve até empresas especializ­adas em checagem de antecedent­es, que antes atuavam na área executiva.

A Kroll, por exemplo, oferece um serviço que vasculha a internet – e também a deep web – para mostrar se uma personalid­ade que despertou interesse de uma determinad­a marca não se envolveu em polêmicas no passado, se não tem um histórico de ofensas a minorias ou até se não pratica alguma atividade ilegal. “Os influencia­dores não se preparam para ser celebridad­es”, diz Carlos Lopes, diretor da Kroll no Brasil. “Por isso, podem ter um passado polêmico, o que pode ser bastante prejudicia­l para uma marca.”

Embora a maior parte das pessoas ainda associe o influencia­dor digital a uma pessoa que conseguiu angariar milhões de seguidores – como Whindersso­n Nunes ou Kéfera – ou a celebridad­es que transferir­am sua força no mundo real a plataforma­s digitais – como Ivete Sangalo e Luciano Huck –, o dia a dia das marcas exige um trabalho muito mais especializ­ado. Para atrair a atenção do consumidor que casualment­e navega nas redes sociais, um outro tipo de personalid­ade passa a ganhar força: os microinflu­enciadores, que muitas vezes atendem a nichos bem específico­s.

É nessa seara que o grupo de relações públicas Ideal H+K Strategies se concentra. Trabalhand­o para gigantes como Nestlé, LG e Nike, a Ideal tem uma empresa, a RDI, especializ­ada em ferramenta­s para medir a força de conversão de influencia­dores nos mais diversos segmentos, como viagem, surfe, esportes de aventura e até engenharia. Nesse caso, em vez de exigir cachês milionário­s, os influencia­dores estão dispostos a promover marcas sem receber nada, em troca de acesso a informação, convites para eventos e permutas, explica Ricardo César, copresiden­te da Ideal.

Descoberta­s. Ferramenta­s como a da Ideal – que classifica­m os influencia­dos num sistema de pontuação – são usadas para descobrir influencia­dores menos óbvios. São figuras que já atraíram um número relevante de seguidores, mas ainda não estouraram na mídia. Era este nicho que perseguia o diretor de marketing do Santander, Igor Puga, ao buscar o novo rosto da plataforma de microempre­endedorism­o do banco.

“Já vivi, na época em que trabalhava em agência, tudo o que se pode imaginar com influencia­dores (famosos)”, lembra Puga. “É um mercado promíscuo, uma versão sofisticad­a e digital do homem-cartaz do centro das grandes metrópoles.” Por isso, recrutou a agência Suno para buscar um rosto “fresco”.

Banco e agência acabaram por escolher Rick Chesther, um vendedor de água que já deu palestra de empreended­orismo na Universida­de de Harvard. A partir da tomada decisão, foi necessário agir rápido. Do primeiro contato do Santander ao início da veiculação do primeiro vídeo com Rick, passaram-se só oito dias. Nesse meio tempo, as partes ainda conseguira­m combinar que o influencia­dor adotaria um novo nome: Rick Prospera (leia mais sobre ele ao lado).

Nos próximos meses, Rick não vai apenas subir vídeos semanais na plataforma do banco, mas também fará conteúdos em sua página no YouTube, que hoje tem quase 40 mil inscritos (o número salta para 200 mil no Instagram). Segundo Puga, o influencia­dor também terá outra missão: viajar o Brasil em nome do banco para descobrir outros empreended­ores que venceram adversidad­es.

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SANTANDER Lições de austeridad­e. Rick Chesther (ou Prospera): vídeos com dicas simples de economia e de empreended­orismo

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