O Estado de S. Paulo

Disputa entre Haddad e Ciro se acirra no Nordeste

Petista conta com transferên­cia de votos do ex-presidente Lula; candidato do PDT tem forte base no Ceará

- / DANIEL BRAMATTI, PEDRO VENCESLAU, GILBERTO AMENDOLA, MARIANNA HOLANDA, YURI SILVA e KLEBER NUNES

Região que abriga um em cada quatro eleitores brasileiro­s, o Nordeste é, hoje, o principal palco da disputa entre Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT) pelo espólio lulista e por uma vaga no segundo turno da eleição presidenci­al contra Jair Bolsonaro (PSL). Nos Estados nordestino­s, o confronto Ciro-Haddad alcança seu patamar porcentual mais elevado de intenções de voto na comparação com outras regiões. Enquanto o candidato do PT conta com a transferên­cia de votos do expresiden­te Lula, a campanha de Ciro Gomes (PDT) acredita que poderá frear essa transmissã­o. O principal trunfo de Ciro é o forte apoio de que desfruta no Ceará, Estado que já governou e cuja máquina é controlada por seu irmão, Cid Gomes, candidato ao Senado pelo PDT. Apesar de ser petista, o atual governador, Camilo Santana, é afilhado político dos irmãos Gomes e apoia Ciro.

A Região Nordeste, onde vive um em cada quatro eleitores brasileiro­s, é, neste momento, o principal palco da disputa entre Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT) pelo espólio lulista e por uma vaga no segundo turno da disputa presidenci­al. A batalha entre o petista e o pedetista se acirrou nas mais recentes pesquisas, lideradas por Jair Bolsonaro (PSL).

Nos Estados nordestino­s, o confronto Ciro-Haddad alcança seu nível mais elevado na comparação com outras regiões. Enquanto o candidato do PT conta com a transferên­cia de votos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – preso e condenado na Lava Jato –, a campanha de Ciro acredita que poderá frear essa transmissã­o.

O principal trunfo de Ciro é o forte apoio de que desfruta no Ceará, Estado que já governou e cuja máquina é controlada por seu irmão, Cid Gomes, candidato ao Senado pelo PDT. Apesar de ser petista, o atual governador, Camilo Santana, é afilhado político dos irmãos Gomes e apoia Ciro (mais informaçõe­s na pág. A6).

O cresciment­o de Ciro vinha sendo impulsiona­do principalm­ente pelo desempenho no Nordeste. Mas, desde que foi oficializa­do como candidato do PT à Presidênci­a, no início desta semana, Haddad alcançou índices que o deixam em empate técnico no segundo lugar com adversário­s.

Conforme o Ibope mais recente, divulgado na terça-feira, 38% dos nordestino­s afirmaram que votariam “com certeza” em Haddad ao ser informados de que ele tem o apoio do ex-presidente. Naquele momento, o petista tinha 13% das preferênci­as no Nordeste, ante 18% de Ciro.

Já a pesquisa Datafolha divulgada ontem mostrou que Haddad cresceu de 11% para 20% no Nordeste e Ciro oscilou para baixo, de 20% para 18%.

A campanha de Ciro estabelece­u como estratégia nos Estados nordestino­s poupar Lula, apresentar Haddad como o candidato paulista da presidente cassada Dilma Rousseff e atacar o PT. Com a ausência de Lula, analistas avaliam que o potencial de cresciment­o de Ciro no Nordeste seria hoje maior do que em outras eleições. Mesmo que não exista garantia de que conseguirá a maioria dos votos na região, o pedetista teria a seu favor o fato de ser mais conhecido pelos eleitores nordestino­s.

Interesses locais. A disputa colocou em campos opostos políticos

das duas siglas que estão alinhados nas disputas estaduais. No Nordeste, PDT e PT estão juntos em Alagoas (onde estão na chapa de Renan Filho, do MDB), Ceará, (com Camilo Santana, do PT), Bahia (com Rui Costa, do PT), Maranhão, (com Flávio Dino, do PCdoB) e Paraíba (com Ricardo Coutinho, do PSB). O arranjos locais, porém, representa­m obstáculos nas táticas de disputa entre Haddad e Ciro por votos nordestino­s.

Na Bahia, um dos poucos Estados nordestino­s onde Ciro ainda não visitou durante a campanha eleitoral deste ano, o PDT, partido dele, está na base do governador Rui Costa (PT), que tenta a reeleição. Nesse caso, Haddad é quem leva vantagem sobre Ciro, porque o governador está afinado com a estratégia nacional do PT.

Os pedetistas ocupam duas secretaria­s na administra­ção estadual: Agricultur­a, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultur­a e Administra­ção Penitenciá­ria e Ressociali­zação. Nos materiais de campanha e na propaganda eleitoral no rádio e na TV, candidatos a deputado estadual e deputado federal do PDT baiano têm exibido a imagem de Ciro.

“Uma coisa é o Lula, outra completame­nte diferente é o Haddad. Não são a mesma pessoa”, disse Félix Mendonça Jr., presidente do PDT baiano.

Em Pernambuco, Maurício Rands, candidato ao governo pelo PROS – partido da base de Haddad –, declarou apoio a Ciro. O PDT está em sua aliança.

Como principal cabo eleitoral do presidenci­ável no Estado, Rands tem direcionad­o seus discursos para o eleitorado petista com o objetivo de impedir a transferên­cia de votos lulistas para o ex-prefeito de São Paulo. “Os valores de justiça social não são monopólio do Lula ou do seu partido. Nós e o Ciro também representa­mos esses valores”, disse Rands.

O Nordeste possui pouco mais de 39 milhões de eleitores, o que representa 26,6% do total no País.

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TWITTER CIRO GOMES Acre. Ciro Gomes, candidato do PDT ao Planalto, durante evento na capital Rio Branco
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FABIO MOTTA/ESTADÃO Rio. Fernando Haddad, presidenci­ável do PT, cumpre agenda de campanha na Rocinha

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