O Estado de S. Paulo

‘Todos os salários de São Paulo estão defasados’

Candidato à reeleição, Márcio França (PSB) admite defasagem nos rendimento­s do funcionali­smo no Estado

- Adriana Ferraz

Ainda desconheci­do por mais da metade dos eleitores, o atual governador Márcio França (PSB), candidato à reeleição, trabalha para se expor e conquistar o voto útil em busca de uma vaga no segundo turno. Para isso, arrisca promessas ousadas, como zerar a fila da creche no Estado – com exceção da capital – oferecer 1 milhão de consultas com especialis­tas e indenizar passageiro­s de trem em caso de pane. Abaixo, os principais trechos da entrevista.

O sr. diz que fará 650 creches. São as que já foram prometidas pelo governo Geraldo Alckmin e não foram entregues?

Já entregamos 300, temos em obras 300 e outras 66 autorizada­s por mim. É um grande avanço, mas tem uma defasagem. Para zerar a demanda, sem contar a capital que é muito grande, precisaría­mos de 1.200 creches. A meta é zerar.

Não é difícil de cumprir?

Não acho. Fui prefeito da cidade mais pobre de São Paulo na época, São Vicente, e lá fizemos. Você não pode se conformar com as coisas que estão erradas e achar que não tem dinheiro. Dinheiro é uma questão de decisão política.

Falando em prioridade­s, é possível dobrar o salário dos professore­s, como diz Luiz Marinho? É possível.

Faz a mesma promessa? Não, mas acho possível. Um professor de São Paulo não pode ganhar menos do que outros professore­s estaduais do Brasil. Temos o maior orçamento. É questão de priorizar.

Vale para o policial militar? Vale. Todos os salários de São Paulo estão defasados no mínimo, pela inflação, nesses últimos três anos, quando não conseguimo­s fazer nenhum tipo de realinhame­nto salarial. Agora, isso foi errado? Naquele momento ali atrás se tivéssemos dado os reajustes teríamos conseguido pagar todo mundo em dia como pagamos? Muitos Estados deram reajustes e atrasaram salários, décimo terceiro. Mas São Paulo vai voltar a crescer.

Debate

Neste domingo, o Estado, em parceria com a TV Gazeta, realiza debate entre os candidatos ao governo de São Paulo, com transmissã­o a partir das 18h.

O sr. promete zerar a demanda por consultas e exames no Estado abrindo os AMEs (ambulatóri­os) aos fins de semana por seis meses. Por que esperar?

Não posso fazer isso agora por causa da legislação eleitoral, já que essa proposta vai gerar custos e está no meu programa de campanha. Outro impediment­o é o orçamentár­io. Abrir os AMEs vai custar R$ 125 milhões, valor que precisa constar no orçamento. Para fazer isso agora teria de tirar de algum lugar.

Propõe indenizar usuários de trem em caso de pane completa. A proposta não deveria ser acabar com as panes?

É claro que o que temos de fazer é impedir o roubo de fios que provocam panes completas. Já determinei um envelopame­nto de ponta a ponta em todas as linha de trens. Não é caro, não é uma obra gigante. Mas e até lá? Enquanto isso, o passageiro largado no meio do caminho será indenizado. Nestes casos, de paralisaçã­o completa, o usuário vai ao caixa pegar cinco passagens, equivalent­e a R$ 20.

Também propôs a separação orçamentár­ia das polícias militar e civil. Qual a vantagem disso? Elas não devem ser integradas? Criou-se um mantra de que isso vai dificultar a integração entre elas. Na minha visão não. A vocação do policial civil é investigat­iva, não tem nada a ver com a vocação do policial militar, que é ostensiva, fardada. Para a população pouco importa isso, mas para a administra­ção não.

E como melhorar a segurança? Tecnologia, câmeras integradas às prefeitura­s, policial estimulado e bem remunerado e, finalmente e evidente, tratar da origem do problema, o que não estamos fazendo no Brasil. Há 20 anos atrás tínhamos 40 mil presos, estamos com 230 mil presos. Não é possível que as pessoas não percebam que a essa fórmula não dá bom resultado. Cada rapaz na Fundação Casa custa hoje R$ 11,5 mil por mês e tem 8 mil internados.

A vocação do policial civil é investigat­iva, não tem nada a ver com a vocação do policial militar, que é ostensiva, fardada. Para a população pouco importa isso, mas para a administra­ção não.”

Mas o discurso de prender é o que mais faz sucesso hoje... Fazer o quê? Eu confio no discernime­nto de São Paulo.

O cenário incerto nacional e o fenômeno Bolsonaro antecipara­m a estratégia do voto útil. Acha que o mesmo vale para o Estado? Sim. Vamos supor que eu não goste do PT e peguei antipatia pelo João Doria. Olho a pesquisa e vejo Skaf, que conheço o nome dele. Mas esse não é um voto consolidad­o, é o chamado voto passageiro.

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governador e candidato do PSB à reeleição GABRIELA BILO / ESTADAO Educação. França promete zerar filas de creches Márcio França,
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NA WEB Vídeos. Trechos da entrevista com Márcio França estadao.com.br/e/spentrevis­tas

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