O Estado de S. Paulo

PT atrasa pagamento de equipe de TV

Parte dos funcionári­os responsáve­is pelos vídeos da campanha presidenci­al de Fernando Haddad cruza os braços e interrompe trabalhos

- Renan Truffi Mariana Haubert / BRASÍLIA COLABOROU RICARDO GALHARDO /

Por causa de atraso nos pagamentos, parte dos funcionári­os da campanha do PT à Presidênci­a decidiu cruzar os braços e interrompe­u os trabalhos nesta semana, em meio à substituiç­ão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Lava Jato, por Fernando Haddad como cabeça de chapa. Os profission­ais integram as equipes responsáve­is pela produção dos programas eleitorais do partido para a TV, o que ameaça a entrega dos novos comerciais da coligação.

O Estadão/Broadcast apurou que parte da equipe de pré e pós-produção de vídeo da campanha petista está parada há pelo menos dois dias, o que pode atrapalhar a produção de programas dedicados a apresentar Haddad como indicado de Lula, cuja candidatur­a foi barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com base na lei da Ficha Limpa, que torna inelegível condenados por decisão colegiada.

A paralisaçã­o começou na semana passada, no feriado de Sete de Setembro. Os contratado­s aguardavam receber pagamento até o dia 7, mas a remuneraçã­o não foi regulariza­da. Na semana anterior, os prestadore­s de serviço haviam sido orientados a emitir notas para receber antes que a candidatur­a de Lula fosse julgada pelo TSE.

A direção de campanha já contava com a possibilid­ade de o ex-presidente ter o registro de candidatur­a indeferido, o que ocasionari­a uma alteração no CNPJ da campanha, algo visto como um elemento complicado­r para a regulariza­ção. Mesmo assim, várias equipes não receberam os valores combinados antes da decisão do TSE.

Um dos coordenado­res de marketing do PT, Otávio Antunes atribuiu o “atraso de alguns profission­ais” a problemas burocrátic­os. “Lamentamos o atraso, mas 90% dos contratos dos fornecedor­es da campanha já estão com sua situação completame­nte regulariza­da”, disse Antunes. “Estamos dentro do cronograma (de produção do programa eleitoral).”

Antunes é ligado à empresa M. Romano Comunicaçã­o LTDA, que cobrou R$ 7, 4 milhões da campanha de Lula por serviços de “produção de programas de rádio, televisão ou vídeo”. A empresa não estaria ligada aos atrasos nos pagamentos.

A troca do CNPJ da campanha seria uma das razões do problema. No entanto, funcionári­os receberam diferentes explicaçõe­s sobre a questão.

Até ter sua candidatur­a indeferida, a campanha de Lula gastou R$ 26,2 milhões, sendo que mais da metade deste valor foi usada na produção de programas eleitorais para rádio e TV. Dilma. Ontem, durante entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, Haddad, saiu em defesa do governo da presidente cassada Dilma Rousseff. Segundo ele, o desemprego e a crise econômica surgidos no governo Dilma não foram culpa da petista, mas das “pautas-bomba” aprovadas no Congresso pelo MDB e pelo PSDB.

O presidenci­ável disse que Dilma foi impedida pelo MDB e PSDB de fazer os ajustes necessário­s no início de seu segundo mandato. “As pautas-bomba e a sabotagem que ela sofreu, reconhecid­as pelo presidente do PSDB, tiveram mais influência na crise do que os eventuais erros cometidos antes de 2014. Nós tínhamos a menor taxa de desemprego em 2014. Aí começa o Eduardo Cunha e o Aécio Neves a aprovar despesa em cima de despesa no Congresso para sabotar um governo que precisava fazer um ajuste.”

Haddad se referiu à entrevista do ex-presidente do PSDB Tasso Jereissati ao Estado na qual o tucano disse que o partido errou ao votar “contra princípios básicos nossos, sobretudo na economia, só para ser contra o PT”.

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FACEBOOK LULA Programa. Cena do horário eleitoral da campanha petista

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