O Estado de S. Paulo

Na China, Maduro tem pedido de empréstimo recusado.

Presidente da Venezuela queria empréstimo de US$ 5 bilhões, mas só conseguiu alguns acordos

- PEQUIM

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, chamou a China de “irmã mais velha” ontem, antes de se reunir com o presidente chinês, Xi Jinping, e o primeiro-ministro, Li Keqiang, em Pequim. A tentativa de mostrar intimidade não foi suficiente para conseguir o empréstimo que pretendia. Maduro saiu do país, onde chegou na quintafeir­a, só com alguns acordos.

Maduro viajou à China com a esperança de voltar para casa com outro empréstimo de US$ 5 bilhões (R$ 20 bilhões) e uma prorrogaçã­o de seis meses do período de carência para o pagamento da dívida com a China. O ministro das Finanças venezuelan­o, Simon Zerpa, que também está em Pequim, afirmou na quinta-feira à agência de notícias Bloomberg que o acordo para o empréstimo estava acertado.

Embora o premiê chinês tenha dito a Maduro que a China estava disposta a dar à Venezuela toda a ajuda necessária, não houve qualquer menção nos comunicado­s oficiais e na mídia estatal chinesa à concessão de novos fundos para Caracas.

Maduro falou na reunião com Li que estava firmando “28 acordos que ratificam o caminho do desenvolvi­mento compartilh­ado e dos investimen­tos para tornar realidade o progresso de nossas empresas mistas no setor de petróleo”.

Na prática, no entanto, segundo a mídia estatal chinesa, os dois países fecharam apenas um acordo para um financiame­nto de US$ 184 milhões (R$ 769 milhões) a uma empresa mista constituíd­a pela petroleira venezuelan­a PDVSA e pela chinesa CNPC para explorar o campo Zumano.

Na reunião com o presidente Xi Jinping, Maduro agradeceu à China por seu apoio de longa data e por sua “compreensã­o”. O presidente chinês, por sua vez, disse ao colega venezuelan­o que ambos os países deveriam promover a cooperação mútua para elevar suas relações a um novo patamar, que “era hora de consolidar sua confiança na política mútua”, segundo os órgãos oficiais de imprensa.

A China emprestou na última década quase US$ 70 bilhões (R$ 293 bilhões) à Venezuela, país com as maiores reservas de petróleo do mundo. Os empréstimo­s são pagos com o envio do produto.

O fluxo de dinheiro chinês parou há quase três anos, quando a Venezuela pediu uma mudança nas condições de pagamento em meio à queda dos preços do petróleo. A produção da Venezuela caiu em agosto para 1,448 milhão de barris diários, informou a Organizaçã­o dos Países Exportador­es de Petróleo (Opep), o menor resultado em três décadas.

Com a economia em frangalhos, uma inflação que pode atingir 1.000.000% ao final do ano, segundo o FMI, Maduro precisa de recursos para injetar na Venezuela. Em agosto, ele anunciou um plano econômico que instituiu uma nova moeda, o “bolívar soberano”, com cinco zeros a menos, e aumento de 3.400% do salário mínimo.

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EFE Visita. Xi Jinping (E) e Maduro caminham pelo Grande Palácio do Povo, em Pequim

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