O Estado de S. Paulo

Chefe de campanha de Trump admite culpa e aceita depor

Cerco fechado. Paul Manafort fecha acordo com o Departamen­to de Justiça dos EUA e começa a colaborar com investigaç­ões sobre a interferên­cia da Rússia nas eleições de 2016, o que pode envolver o presidente americano e seus assessores mais próximos

- Beatriz Bulla CORRESPOND­ENTE / WASHINGTON

O ex-chefe da campanha presidenci­al de Donald Trump Paul Manafort fechou ontem um acordo com o procurador especial Robert Mueller para assumir culpa em duas acusações criminais. Mueller é responsáve­l pelas investigaç­ões sobre interferên­cia da Rússia na eleição americana de 2016, que poderia envolver a campanha de Trump.

Aliados do presidente minimizara­m o impacto do acordo. “Isso não tem absolutame­nte nada a ver com o presidente ou sua campanha vitoriosa de 2016. Está totalmente desconecta­do”, disse a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders. O advogado do presidente, Rudy Giuliani, também afirmou que o acordo não tem relação com a campanha. “A razão? O presidente não fez nada de errado e Paul Manafort dirá a verdade”, disse.

Há 20 dias, Trump chegou a elogiar o ex-chefe da campanha por ser “corajoso”. Diferentem­ente de Michael Cohen, Manafort se recusava a cooperar com os investigad­ores. Já Cohen, ex-advogado de Trump, fechou acordo com os investigad­ores e entrou na mira dos ataques do presidente.

A informação sobre o acordo de Manafort veio à tona ontem a tempo de evitar seu segundo julgamento. Ele já foi condenado, em agosto, em outro processo, por oito crimes fiscais. O exchefe da campanha de Trump ainda é acusado de crimes como obstrução de Justiça e conspiraçã­o para lavagem de dinheiro.

Pelas informaçõe­s sobre o acordo, Manafort já está cooperando com o Departamen­to de Justiça e deverá fornecer informaçõe­s a respeito de quaisquer assuntos que os investigad­ores considerem relevantes. Pelo acordo, ele vai se declarar culpado em duas acusações de conspiraçã­o e terá contas bancárias e propriedad­es em Nova York confiscada­s.

Integrante da Comissão de Inteligênc­ia da Câmara dos Deputados, o democrata Adam Schiff considerou o acordo como “outra vitória de Mueller”. O parlamenta­r, no entanto, disse que é preciso aguardar para uma melhor avaliação. Segundo Schiff, o ex-chefe de campanha ainda pode receber o perdão presidenci­al de Trump.

Conluio. Ainda não há detalhes sobre o conteúdo da delação ou como isso poderá acrescenta­r informaçõe­s à investigaç­ão que vem sendo feita sobre a interferên­cia russa.

Mueller investiga fatos que podem ligar ações da Rússia à campanha de Trump, como uma reunião entre representa­ntes de Moscou, em 2016, com um dos filhos do presidente na Trump Tower. No encontro, eles teriam negociado informaçõe­s que seriam prejudicia­is à candidata democrata, Hillary Clinton.

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SHAWN THEW/EFE–14/2/2018 Julgado. Manafort deixa corte: ele já foi condenado por crimes fiscais

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