O Estado de S. Paulo

Renda põe homem com IDH maior que mulher

Em desigualda­de, queda do País só é menor que a do Arquipélag­o de Comores

- Lígia Formenti / BRASÍLIA

O Brasil perde 17 posições na classifica­ção preparada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvi­mento (Pnud) quando se considera a desigualda­de. Se apenas esse indicador fosse usado, o País deixaria o grupo de Alto Desenvolvi­mento e retornaria a ser classifica­do como de médio desenvolvi­mento.

A queda sofrida pelo Brasil em virtude da desigualda­de é a mesma apresentad­a pela África do Sul. Da lista de 151 países que integram o IDH ajustado para desigualda­de, apenas o Arquipélag­o de Comores teve queda maior do que a do Brasil: 18 colocações.

A distribuiç­ão da renda é um dos aspectos que tornam o Brasil tão desigual. O Pnud observa, por exemplo, que o País ocupa a 9.ª pior colocação no coeficient­e de Gini, um índice que mede a concentraç­ão de renda.

Ganhos. As diferenças de oportunida­de e de qualidade de vida são observadas em vários níveis. Além da distribuiç­ão de renda, é notável a desigualda­de entre gêneros. O IDH dos homens brasileiro­s é de 0,761, enquanto o das mulheres é de 0,755. Embora mulheres tenham maior expectativ­a de vida e indicadore­s melhores na área de conhecimen­to, elas ganham 42,7% menos do que homens. O trabalho mostra que mulheres no Brasil recebem 10.073 ppp (paridade do poder de compra), enquanto homens, 17.566 ppp.

Mas a disparidad­e de renda está presente em vários países. No Uruguai, por exemplo, a renda média das mulheres é de 15.282 ppp, enquanto entre homens é de 24.905 ppp. No caso desse país, a diferença dos demais indicadore­s é tamanha em favor da mulher que o IDH geral é superior no grupo feminino.

Os números apresentad­os pelo Pnud deixam claro o quanto a desigualda­de é global. Noruega, com melhor IDH do planeta, teria uma queda de uma posição, caso as diferenças fossem levadas em consideraç­ão. A Irlanda, quarta colocada no IDH, perderia 7 posições.

Utilizando esse conceito, o IDH mundial teria uma perda de 20%. Passaria de 0,728 para 0,582. De acordo com o Pnud, a desigualda­de mundial na distribuiç­ão de renda é a mais alta (22,6%), seguida pela desigualda­de nos ganhos em educação (22,0%) e na saúde (15,2%).

Menores perdas. A África Subsaarian­a teve a maior perda regional no IDH por desigualda­de (30,8%), seguida pelo Sul da Ásia (26,1%) e pelos Estados árabes (25,1%). A Europa e a Ásia Central continuam a ser as regiões com as menores perdas globais no IDH por desigualda­de, com 11,7%.

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NA WEB Portal. Confira o IDH dos 189 países avaliados estadao.com.br/e/idh2017

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