O Estado de S. Paulo

Felipão se vale de ‘espertezas’ para não facilitar vida do rival

Esconder escalação para enganar os adversário­s é expediente que o chefão usa desde os tempos do Grêmio, em 1996

- Ciro Campos

Os treinos fechados não têm sido a única forma de o técnico Luiz Felipe Scolari manter em segredo suas estratégia­s para confundir os rivais do Palmeiras. Em sua nova passagem pelo clube, ele já se valeu de recursos antigos para despistar os adversário­s, como no último jogo, quando dois atletas entraram no vestiário por outro caminho, longe da visão dos jornalista­s, como se não fossem atuar.

Bruno Henrique e Borja eram dúvidas para enfrentar o Cruzeiro na Copa do Brasil. Cerca de 1h30 antes do jogo, o elenco chegou ao Allianz e se encaminhou ao vestiário pela zona mista, onde ficam todos os repórteres. Os dois não estavam no grupo.

Felipão confirmou a escalação logo depois. Bruno Henrique e Borja estavam no time. Questionad­o depois sobre o “drible”, o técnico despistou. “Se vocês (jornalista­s) não viram, eu não sei, mas eles estavam no ônibus, vieram com o time. Só se desceram de paraquedas”, brincou Felipão.

No jogo anterior houve outra medida. Na antevésper­a do clássico com o Corinthian­s, o Palmeiras fez o último treino aberto na Academia de Futebol. Apenas o início do trabalho foi liberado para a presença da imprensa. Nesse momento, a equipe principal foi flagrada com os garotos Gabriel Furtado, Artur e Papagaio, que não foram utilizados na vitória por 1 a 0.

A experiênci­a, e esperteza, de Felipão também se fez presente no duelo da Libertador­es contra o Cerro Porteño, em casa. Nos minutos finais, com o time precisando segurar o resultado, o técnico orientou ativamente os jogadores para ganharem tempo. No estádio, houve até “sumiço” dos gandulas. Com futebol equilibrad­o, o técnico sabe que qualquer detalhe ou informação pode fazer diferença.

Passado. Felipão já se valeu do expediente em outras ocasiões do passado. A mais marcante delas ocorreu às vésperas da final do Brasileiro de 1996, pelo Grêmio. O lateral paraguaio Arce apareceu no treino com gesso no pé direito na semana que antecedia a decisão com a Portuguesa. Mas jogou e o time gaúcho foi campeão.

Na passagem anterior pelo Palmeiras, ele tomou uma decisão curiosa. Em 2010, em compromiss­o contra o Universitá­rio de Sucre, pela Sul-Americana, o treinador mantinha como dúvida a presença de Valdivia. Na escalação, divulgada uma hora antes, a equipe tinha somente dez nomes. A 15 minutos do jogo o chileno foi confirmado. O Palmeiras ganhou por 3 a 1, avançou à fase seguinte e a torcida foi ao delírio com o mistério, ao entoar durante o jogo: “Au, au, au, Felipão é genial”.

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PAULO WHITAKER/REUTERS - 30/8/2018 Scolari. Nos jogos, treinador não dá descanso aos árbitros

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