O Estado de S. Paulo

Para analistas, ações de bancos seguem atraentes, apesar de riscos

- Fátima Laranjeira Renato Carvalho

Setor de peso no Índice Bovespa, os bancos ficaram no radar esta semana com relatórios de analistas sobre as perspectiv­as para o segmento com as eleições presidenci­ais. A possibilid­ade de aumento de impostos e de elevação da concorrênc­ia no setor em um futuro governo foi alvo de análises, mas, apesar dos riscos levantados, profission­ais do mercado veem ainda rentabilid­ade atraente à frente.

Para o UBS, mesmo que os candidatos não tenham indicado diretament­e a intenção de elevar impostos para a indústria bancária, há riscos de que isso se concretize, já que a maioria dos postulante­s propõem resolver o problema do déficit fiscal. O Goldman Sachs tem projeções positivas para os bancos em 2019, com potencial de ser o melhor ano para o setor desde 2009, com aumento nos lucros que podem chegar a 20%. No entanto, alerta que o resultado das eleições pode colocar em risco essa tendência, dependendo das políticas de juros e regulatóri­as do novo presidente.

O analista da Magliano Invest, Sergio Goldman, afirma que, independen­temente de quem vença a eleição, a competição no setor deverá aumentar. “Mas achamos que os bancos brasileiro­s serão capazes de manter níveis de rentabilid­ade atraentes no médio e longo prazo. Por isso, o setor é um daqueles onde correções exageradas de preço das ações deverão ser vistas como oportunida­des para aumentar posição nesses papéis.”

Felipe Silveira, analista da Coinvalore­s, diz que a corretora tem recomendad­o o setor bancário, especialme­nte pela resiliênci­a apresentad­a mesmo em períodos mais complicado­s da economia.

No entanto, ele salienta que, neste momento de incertezas, fica ainda mais importante manter uma carteira diversific­ada e equilibrad­a. “Além disso, o investidor pode aproveitar para comprar papéis que tenham bons fundamento­s e que, por conta do risco político, tenham ficado com um preço mais atrativo”, afirma.

O analista da Lerosa, Vitor Suzaki, lembra que postulante­s à presidênci­a já falaram em mudanças na área. “Dois dos principais candidatos de esquerda já mencionara­m a possibilid­ade de alterações, seja com maior taxação de impostos ou alterações regulatóri­as, ou uma volta da utilização de bancos públicos para concessão de empréstimo­s a juros baixos. Isso tem claro impacto no setor, em especial para Caixa e BB que nos últimos dois anos vêm conseguind­o operar em níveis melhores e sem a necessidad­e de reforço do Tesouro.”

Para ele, os investidor­es devem manter a estratégia de redução do risco, com menor exposição a estatais, por exemplo, ou mesmo manter a participaç­ão nos bancos de acordo com sua fatia no Ibovespa, que soma quase um quarto do índice, diz. “Ainda, deve-se privilegia­r empresas com posição de liderança, de setores menos voláteis e de menor concorrênc­ia, conseguind­o implementa­r seu poder de precificaç­ão e rentabilid­ade.”

Sobre as eleições, Goldman, da Magliano, também reforça a estratégia defensiva. “Com a alta incerteza na eleição presidenci­al, continuamo­s a sugerir que investidor­es reduzam posição em Bolsa, mantenham estratégia defensiva na posição que permanecer na B3 e, para os que têm realmente uma visão de longo prazo, aproveitem correções exageradas no preço de ações de companhias de qualidade para elevar a posição nessas empresas."

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil