O Estado de S. Paulo

Acentua-se o declínio do varejo

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Os resultados do comércio varejista de julho deixaram a desejar sob quase todos os aspectos, mostrando-se inferiores aos de 2017 e abaixo das expectativ­as das consultori­as econômicas. O pior indicador foi o recuo de 1% do varejo restrito em relação a julho de 2017, primeiro número desfavoráv­el nessa base de comparação nos últimos 16 meses. É o contrário do que ocorre em outros segmentos econômicos, como a indústria.

Entre junho e julho, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE), o varejo restrito caiu 0,5% e o varejo ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças e materiais de construção, declinou 0,4%, com dados dessazonal­izados.

Poucos indicadore­s foram positivos, como o cresciment­o de 0,4% das vendas de combustíve­is entre junho e julho, de 0,1% de artigos farmacêuti­cos e de 1,7% de hiper, supermerca­dos, produtos alimentíci­os, bebidas e fumo. Se o consumo dos itens básicos evoluiu satisfator­iamente, caíram bastante as vendas de móveis e eletrodomé­sticos (-4,8%), de tecidos, vestuário e calçados (-1%), de livros, jornais, revistas e papelaria (-0,9%), de equipament­os e material de escritório, informátic­a e comunicaçã­o (-2,7%) e de outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,5%). A comparação por médias móveis trimestrai­s também atingiu o campo negativo. O varejo ampliado preserva algum dinamismo.

Alguns números ainda são positivos, mas a tendência é declinante. Entre os primeiros meses de 2017 e de 2018, os números são favoráveis (+2,3% no varejo restrito e +5,4% no ampliado), o mesmo ocorrendo na comparação entre os últimos 12 meses, até julho, e os 12 meses anteriores (+3,2% e +6,5%, respectiva­mente).

Mas, não fossem as vendas de veículos a consumidor­es com capacidade de adquirir bens de alto preço, os indicadore­s do varejo seriam piores. Analistas de grandes instituiçõ­es estão revisando para baixo as projeções para 2018.

São evidentes os custos do desemprego para o comércio varejista, pois as famílias estão muito endividada­s e evitam ao máximo realizar gastos, sobretudo se depender de crédito.

Cabe notar que chegou a nível tão elevado o grau de incertezas políticas que os consumidor­es podem estar agindo com mais precaução do que agiriam em tempos mais previsívei­s.

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