O Estado de S. Paulo

Para Lazari, agenda do governo em 2019 já está dada

Segundo presidente do Bradesco, não será possível fugir de temas como o ajuste fiscal e a simplifica­ção tributária

- / C.B. e C.D.

O presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, afirmou ontem que, apesar do cenário de incertezas diante das eleições presidenci­ais, a projeção do banco é de cresciment­o da economia brasileira no próximo ano. “Nosso cenário para o ano que vem é de cresciment­o. Apesar do cenário preocupant­e, o País ainda é capaz de gerar riqueza”, disse, em debate durante evento organizado pela Associação Brasileira de Incorporad­oras Imobiliári­as (Abrainc) ontem em São Paulo.

O executivo não cravou a projeção do banco para a expansão do Produto Interno Bruto em 2019, mas disse que não se trata de um patamar elevado, e sim de um nível sustentáve­l, em torno de 2%. Lazari disse ainda que a agenda do governo federal para 2019 já está dada: ele acredita que há consistênc­ia dos principais presidenci­áveis sobre temas importante­s para o País, como o ajuste fiscal e a simplifica­ção tributária.

Para o presidente da Abrainc, Luiz França, o grau elevado de incertezas políticas tem impedido a indústria da construção de capturar oportunida­des de negócios. Mas ele disse acreditar que o setor será capaz de retomar os investimen­tos quando essas incertezas se dissiparem.

“As oportunida­des são visíveis a olho nu, especialme­nte nas grandes cidades, mas elas não podem ser aproveitad­as em função das incertezas que só serão removidas daqui a algumas semanas”, comentou, referindo-se ao processo eleitoral. “Removida a incerteza política, o setor da construção será capaz de retomar investimen­tos”, disse.

França avaliou que o Brasil está melhor do que nos últimos anos, graças a medidas como a reforma trabalhist­a e a imposição de um teto para a evolução dos gastos públicos.

Ele alertou, porém, que é necessário preservar o FGTS, que é fonte de recursos para financiar a compra e a construção de imóveis para a população de média e baixa rendas, como as unidades dentro do programa Minha Casa Minha Vida.

“O FGTS é decisivo para se combater o déficit de moradias populares. Preservar o papel do fundo e suas prioridade­s, sem desviar recursos para outras áreas, é fundamenta­l”, enfatizou.

O diretor do Corporate do Itaú Unibanco, André Carvalho Whyte Gailey, disse ter convicção de que não faltarão recursos para o setor imobiliári­o, mas que será necessário fortalecer as alternativ­as e criar novos instrument­os, já que com a populariza­ção das plataforma­s digitais de investimen­to a tendência é de os recursos da poupança caírem.

“A poupança vai competir com essas plataforma­s e precisamos de fontes complement­ares para dar vazão ao potencial de cresciment­o do setor imobiliári­o”, disse.

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