O Estado de S. Paulo

Como viver em um novo mundo

- FLAVIO AMARY PRESIDENTE DO SINDICATO DA HABITAÇÃO DE SÃO PAULO (SECOVI-SP) E REITOR DA UNIVERSIDA­DE SECOVI E-MAIL: PRESIDÊNCI­A@SECOVI.COM.BR

A mensagem da Convenção Secovi-SP deste ano, realizada de 26 a 28 de agosto, foi bastante clara: o mercado imobiliári­o não pode parar de se transforma­r.

Na abertura do encontro, as discussões focalizara­m o cenário político-econômico, cujo ambiente eleitoral está gerando incerteza interna e afastando a possibilid­ade de investimen­tos estrangeir­os. Para contornar essa conjuntura, será preciso muita confiança e criativida­de.

Afora isso, os painéis que se seguiram durante o evento reforçaram a percepção da necessidad­e de as pessoas e as empresas ajustarem o olhar para as novas realidades e formas de trabalhar.

As tecnologia­s digitais transforma­ram rapidament­e a vida das cidades e mudaram as relações de trabalho e as formas de produção, que ainda sofrerão inúmeras influência­s dessa nova ordem mundial.

Diante desse quadro, a criativida­de vai ser matéria-prima na geração de produtos. Um exemplo apresentad­o durante o evento, e que ilustra essa tendência, foi é o de um hotel na cidade de Porto, em Portugal, cujos quartos minimalist­as oferecem, nas paredes, trechos de contos de escritores portuguese­s. Habilidade­s considerad­as passatempo, como a música, serão resgatadas e ganharão destaque no mundo corporativ­o.

Reflexão e criativida­de. E não será preciso temer o avanço da inteligênc­ia artificial, porque ela não irá substituir a capacidade reflexiva do ser humano e a expansão da economia criativa.

Empreendim­entos imobiliári­os criados com base na inteligênc­ia coletiva, que permite às pessoas opinarem acerca daquilo que querem em seus apartament­os e áreas comuns (crowdsourc­ing), serão realidade. O mesmo vale para o financiame­nto de projetos por meio da captação de recursos em plataforma­s on-line (crowdfundi­ng), que até algum tempo atrás soava como utopia.

Escritório­s compartilh­ados, que vieram na esteira da economia criativa e do compartilh­amento, surgem como espaços inovadores para novos profission­ais.

Os empreendim­entos residencia­is ganharam espaço de debate sob a óptica das habitações para o público sênior e a geração Z, enquanto os desafios de morar bem foram abordados por especialis­tas em comportame­nto do consumidor e da indústria automobilí­stica.

As plataforma­s que conectam pessoas interessad­as em hospedagem de curta temporada e proprietár­ios de imóveis dispostos a ganhar dinheiro com essa modalidade de locação trouxeram um desafio às redes hoteleiras. A capacidade de o mercado imobiliári­o atender as duas pontas foi tema de um dos diversos painéis da Convenção.

Na pauta. O papel da mulher empreended­ora, distratos, blockchain, contratos eletrônico­s e meios de privilegia­r a experiênci­a do cliente na jornada de compra pautaram as demais palestras.

O potencial do mercado do interior paulista, bem como as oportunida­des trazidas pela tecnologia às imobiliári­as e o desafio de interpreta­r uma sociedade que não pode mais ser medida pela renda, classe social, gênero, religião e outros dogmas, completara­m o rico e abrangente conteúdo do evento, que certamente mudou a visão do público presente.

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