Como viver em um novo mundo
A mensagem da Convenção Secovi-SP deste ano, realizada de 26 a 28 de agosto, foi bastante clara: o mercado imobiliário não pode parar de se transformar.
Na abertura do encontro, as discussões focalizaram o cenário político-econômico, cujo ambiente eleitoral está gerando incerteza interna e afastando a possibilidade de investimentos estrangeiros. Para contornar essa conjuntura, será preciso muita confiança e criatividade.
Afora isso, os painéis que se seguiram durante o evento reforçaram a percepção da necessidade de as pessoas e as empresas ajustarem o olhar para as novas realidades e formas de trabalhar.
As tecnologias digitais transformaram rapidamente a vida das cidades e mudaram as relações de trabalho e as formas de produção, que ainda sofrerão inúmeras influências dessa nova ordem mundial.
Diante desse quadro, a criatividade vai ser matéria-prima na geração de produtos. Um exemplo apresentado durante o evento, e que ilustra essa tendência, foi é o de um hotel na cidade de Porto, em Portugal, cujos quartos minimalistas oferecem, nas paredes, trechos de contos de escritores portugueses. Habilidades consideradas passatempo, como a música, serão resgatadas e ganharão destaque no mundo corporativo.
Reflexão e criatividade. E não será preciso temer o avanço da inteligência artificial, porque ela não irá substituir a capacidade reflexiva do ser humano e a expansão da economia criativa.
Empreendimentos imobiliários criados com base na inteligência coletiva, que permite às pessoas opinarem acerca daquilo que querem em seus apartamentos e áreas comuns (crowdsourcing), serão realidade. O mesmo vale para o financiamento de projetos por meio da captação de recursos em plataformas on-line (crowdfunding), que até algum tempo atrás soava como utopia.
Escritórios compartilhados, que vieram na esteira da economia criativa e do compartilhamento, surgem como espaços inovadores para novos profissionais.
Os empreendimentos residenciais ganharam espaço de debate sob a óptica das habitações para o público sênior e a geração Z, enquanto os desafios de morar bem foram abordados por especialistas em comportamento do consumidor e da indústria automobilística.
As plataformas que conectam pessoas interessadas em hospedagem de curta temporada e proprietários de imóveis dispostos a ganhar dinheiro com essa modalidade de locação trouxeram um desafio às redes hoteleiras. A capacidade de o mercado imobiliário atender as duas pontas foi tema de um dos diversos painéis da Convenção.
Na pauta. O papel da mulher empreendedora, distratos, blockchain, contratos eletrônicos e meios de privilegiar a experiência do cliente na jornada de compra pautaram as demais palestras.
O potencial do mercado do interior paulista, bem como as oportunidades trazidas pela tecnologia às imobiliárias e o desafio de interpretar uma sociedade que não pode mais ser medida pela renda, classe social, gênero, religião e outros dogmas, completaram o rico e abrangente conteúdo do evento, que certamente mudou a visão do público presente.