O Estado de S. Paulo

Estagnado, Alckmin tenta reverter votos ‘bolsodoria’

- Vera Rosa / BRASÍLIA Pedro Venceslau

Geraldo Alckmin (PSDB), estagnado nas pesquisas, tenta evitar debandada de aliados e quer reforçar sua visibilida­de. Sem contar com o engajament­o do Centrão, Alckmin deverá investir em SP para barrar o voto casado em Jair Bolsonaro (PSL) para presidente e João Doria (PSDB) para governador, o chamado voto ‘bolsodoria’.

A campanha do ex-governador Geraldo Alckmin, presidenci­ável do PSDB, tenta evitar uma debandada de aliados e quer reforçar a visibilida­de do tucano em São Paulo nas três semanas que restam antes do primeiro turno. Ainda sem contar com o engajament­o dos partidos do Centrão, Alckmin pretende investir no próprio quintal para evitar o triunfo do voto casado no candidato à Presidênci­a Jair Bolsonaro (PSL) e no nome tucano para o Palácio dos Bandeirant­es, João Doria. A ideia é impedir a consolidaç­ão do chamado voto “bolsodoria” no maior colégio eleitoral do País.

Apesar de ter o maior tempo no horário eleitoral no rádio e na TV, Alckmin continua estagnado nas pesquisas. Oficialmen­te, integrante­s do bloco formado por DEM, PP, PR, PRB e Solidaried­ade pedem mudanças no tom da campanha, mas, nos bastidores, já procuram candidatos que consideram mais viáveis para o segundo turno.

Os líderes do Centrão foram convocados pelo prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), coordenado­r político da campanha, para uma reunião de emergência hoje na capital paulista. Porém, já há sinais de abandono na aliança tucana. O coordenado­r da campanha de Bolsonaro em São Paulo, deputado Major Olímpio (PSLSP), disse ontem que líderes do Centrão estão se aproximand­o do presidenci­ável do PSL.

No Solidaried­ade, partido ligado à Força Sindical, a preferênci­a é pelo candidato do PDT, Ciro Gomes. Já o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), que concorre à reeleição, não esconde o apoio ao PT. Sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no páreo por causa da Lei da Ficha Limpa, o senador pretende se juntar à campanha do petista Fernando Haddad. Alega, para tanto, questões regionais.

Um dos integrante­s do bloco disse ao Estado que, na prática, não há como desfazer a coligação com Alckmin. Mas observou que, mesmo nas fileiras do PSDB, o tucano está sendo “cristianiz­ado”, termo usado na política para se referir a candidato abandonado por seus pares.

Embora considere “dificílima” a hipótese de o tucano deslanchar, a maior parte do Centrão acha que é preciso concentrar o ataque em Bolsonaro e pregar o voto útil com mais vigor, deixando a artilharia pesada contra Haddad para o final. Há, no entanto, quem defenda críticas já ao petista.

Na avaliação de integrante­s do bloco ouvidos pelo Estado, além de desconstru­ir Bolsonaro, o ex-governador de São Paulo precisa destacar os riscos da volta do PT ao poder e se descolar do presidente Michel Temer, bastante impopular.

Em outra frente, a campanha vai tentar promover uma aproximaçã­o entre o governador Márcio França (PSB), candidato à reeleição, e Doria. “Esse litígio entre o Doria e o França nos prejudica muito. Um dos nossos esforços será para reduzir as agressões entre eles e para que a campanha do Geraldo esteja mais presente em São Paulo”, disse o ex-secretário de Energia de São Paulo João Carlos Meirelles, conselheir­o próximo de Alckmin.

Distanciam­ento. Até o momento, as campanhas de França e Doria têm ignorado Alckmin na propaganda de rádio e TV. O exprefeito tem feito agendas pontuais com o ex-governador, mas sua campanha adotou um discurso com forte enfoque na segurança pública para atrair o eleitorado de Bolsonaro. Doria também tem poupado Bolsonaro em entrevista­s e sabatinas.

No comercial exibido ontem, o ex-prefeito defendeu a redução da maioridade penal e “leis mais duras”, além de blindar veículos da Polícia Militar. Na mais recente pesquisa Ibope sobre o cenário em São Paulo, Bolsonaro e Alckmin aparecem, em empate técnico na primeira colocação, com 23% e 18%, respectiva­mente, no limite da margem de erro.

No campo da estratégia, a avaliação da campanha de Alckmin é de que uma vaga no segundo turno será de Haddad e que é inevitável manter o foco em Bolsonaro. “A nossa percepção é que Haddad vai para o segundo turno. Já o voto em Bolsonaro não está cristaliza­do. É na última semana que isso ocorre”, disse Meirelles.

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO Distrito Federal. Presidenci­ável do PSDB, Geraldo Alckmin durante visita a empresa de reciclador­es de lixo em Brasília

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