O Estado de S. Paulo

Casa ‘só com mãe e avó’ é ‘fábrica de desajustad­os’, afirma Mourão

Candidato a vice na chapa de Bolsonaro faz elo entre formação de famílias e violência em áreas carentes do País

- Marcelo Osakabe Gilberto Amendola

Vice na chapa de Jair Bolsonaro, candidato do PSL à Presidênci­a, o general da reserva Hamilton Mourão (PRTB) disse ontem, em São Paulo, que famílias pobres “onde não há pai e avô, mas, sim, mãe e avó” são “fábricas de desajustad­os” que fornecem mão de obra ao narcotráfi­co.

“A partir do momento em que a família é dissociada, surgem os problemas sociais. Atacam eminenteme­nte nas áreas carentes, onde não há pai e avô, mas, sim, mãe e avó, por isso é fábrica de elementos desajustad­os que tendem a ingressar nessas narcoquadr­ilhas”, disse ele, durante palestra a empresário­s, fazendo um paralelo entre formação da família e ação de bandidos em áreas carentes.

Mourão também criticou a política externa adotada nos governos petistas de aproximaçã­o com outras economista­s emergentes. Ele se referiu a esses países como “mulambada”. “E aí nos ligamos com toda a mulambada, me perdoem o termo, existente do outro lado do oceano, do lado de cá, que não resultou em nada, só em dívidas que foram contraídas e que nós estamos tomando calote disso aí.”

Na semana passada, Mourão já havia feito declaraçõe­s considerad­as polêmicas. Ele disse que o País precisaria de uma nova Constituiç­ão, mais enxuta e focada em “princípios e valores imutáveis”, mas não necessaria­mente por meio de uma Assembleia Constituin­te. Para ele, o processo ideal envolveria uma comissão de notáveis, que depois submeteria o texto a um plebiscito, para aprovação popular – o que, hoje, não se enquadra nas hipóteses previstas em lei.

Ontem, ele voltou a citar o tema da Constituiç­ão. Segundo o candidato a vice, a reforma da Carta representa­ria a “mãe de todas as reformas”, uma vez que ela está desatualiz­ada, apesar das emendas que sofreu.

Bolsonaro. Adotando um tom presidenci­al, o candidato a vice discursou por cerca de uma hora no evento promovido pelo Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP) com outras 21 entidades, que se reuniram num grupo chamado Reformar Para Mudar.

Em sua fala, Mourão citou apenas uma vez Bolsonaro, que continua internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, se recuperand­o do atentado que sofreu em Juiz de Fora (MG). “Bolsonaro é um estadista, não pensa apenas nesta eleição, mas nas próximas gerações”, afirmou ele.

Mourão reclamou também da forma como as forças policiais são criticadas quando atuam, na sua definição, “como polícia”. “Temos de lembrar que direitos humanos são para humanos direitos”, disse o general. “Se a polícia age como polícia, é duramente criticada: é o genocídio, o martírio da população brasileira. É trabalho enfrentar isso daí”, disse ele, que foi aplaudido pela plateia. Mourão foi aplaudido outras duas vezes enquanto discursava, ambas ao defender o livre mercado e a iniciativa privada. Ele defendeu, por exemplo, a privatizaç­ão das áreas de refino e distribuiç­ão da Petrobrás.

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WERTHER SANTANA/ESTADÃO Vice. Mourão em evento do Secovi, na capital paulista

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