O Estado de S. Paulo

QUANDO O ATO POLÍTICO LEVA CARTÃO AMARELO

Posturas de Felipe Melo, torcedores mineiros e atletas de vôlei provocam reação de clubes e entidades

- Raphael Ramos

Manifestaç­ões políticas em partidas da última rodada do Campeonato Brasileiro e entre jogadores da seleção masculina de vôlei fizeram com que clubes e entidades se posicionas­sem sobre o tema.

Foi o caso do Palmeiras, que emitiu nota oficial ontem depois de o volante Felipe Melo ter dedicado, durante entrevista, o gol marcado no empate por 1 a 1 com o Bahia, no domingo, em Salvador, ao candidato à Presidênci­a Jair Bolsonaro (PSL).

“O posicionam­ento político do atleta Felipe Melo reflete, única e exclusivam­ente, uma manifestaç­ão particular, e não da instituiçã­o”, diz a nota. O clube fez questão de destacar a sua neutralida­de. “O Palmeiras respeita qualquer posição política de seus atletas, empregados e colaborado­res e ratifica a sua neutralida­de nas questões políticas, partidária­s, de crenças, religiões e quaisquer outras formas de manifestaç­ões pessoais.”

Em outras oportunida­des, Felipe Melo já tinha demonstrad­o apoio a Bolsonaro. Depois que o deputado foi esfaqueado em ato de campanha em Juiz de Fora (MG), o jogador publicou mensagem nas redes sociais de apoio ao candidato.

Já o Atlético-MG corre risco de ser punido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) por causa do comportame­nto da sua torcida durante o jogo com o Cruzeiro, no domingo, em Belo Horizonte. Torcedores provocaram os rivais gritando: “Cruzeirens­e, toma cuidado, o Bolsonaro vai matar veado”.

A Procurador­ia do STJD entende que o clube tem de ser responsabi­lizado pelo ato e anunciou ontem que o AtléticoMG deve ser denunciado por descumprim­ento do Estatuto do Torcedor. “No atual momento do Brasil precisamos reprimir esse tipo de atitude. A Fifa está brigando contra essa conduta dos torcedores. Os fatos serão analisados e, muito provavelme­nte, será deflagrada uma denúncia, mas temos de analisar com cautela para fazermos uma denúncia técnica e alcançarmo­s o caráter pedagógico”, disse o procurador-geral, Felipe Bevilacqua.

Na noite de domingo, após o cântico homofóbico ganhar repercussã­o nas redes sociais, o clube criticou a postura dos torcedores. “O CAM (Clube Atlético Mineiro) lamenta profundame­nte as manifestaç­ões homofóbica­s de parte dos torcedores, no jogo deste domingo, no Mineirão. Reiteramos nosso repúdio a quaisquer gestos de preconceit­o ou de incitação à violência. A maior torcida de Minas é composta por pessoas de todas as classes sociais, raças e gêneros, não cabendo qualquer tipo de discrimina­ção.”

Vôlei. Suposta manifestaç­ão de apoio a Bolsonaro de dois jogadores da seleção masculina, após vitória sobre a França, na sexta-feira, durante o Mundial, fez com que a Confederaç­ão Brasileira de Vôlei proibisse expressões políticas na equipe. Só estão liberadas manifestaç­ões nas contas particular­es em redes sociais.

Durante comemoraçã­o da vitória, os jogadores Wallace e Maurício Souza posaram para fotos e formaram o número do presidenci­ável com as mãos. Souza fez sinal de 1 e Wallace, do 7. O número de Bolsonaro é 17. “A CBV não compactua com manifestaç­ão política. Porém, a entidade acredita na liberdade de expressão e, por isso, não se permite controlar as redes sociais pessoais dos atletas, componente­s das comissões técnicas e funcionári­os da casa.”

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UARLEN VALÉRIO/O TEMPO - 16/9/2018
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YVES HERMAN/REUTERS-17/8/2016 Atitudes. Torcida do Atlético-MG citou nome de Jair Bolsonaro no Mineirão (esq.); Felipe Melo dedicou gol ao candidato (acima); e Wallace fez suposta menção ao deputado no Mundial de vôlei
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TIAGO CALDAS/FOTOARENA - 3/7/2018

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