O Estado de S. Paulo

União banca R$ 2,8 bi de dívidas estaduais

Minas Gerais é o mais novo Estado na lista de inadimplen­tes que precisaram ter seus débitos honrados pelo Tesouro Nacional

- Eduardo Rodrigues Idiana Tomazelli / BRASÍLIA

A União já precisou bancar neste ano R$ 2,8 bilhões em pagamentos devidos por Estados e municípios. Minas Gerais é o mais novo integrante na lista de inadimplen­tes. Em grave crise financeira, o Estado deixou de pagar dívidas com instituiçõ­es financeira­s em agosto, num total de R$ 135,88 milhões. Foi o segundo mês consecutiv­o de calote em contratos com garantia do Tesouro Nacional, o que levou o órgão federal a honrar os débitos no lugar do governo mineiro.

O Estado começou a dar o calote no mês de julho. Até o momento, R$ 553 milhões deixaram de ser pagos pela administra­ção estadual. O governador Fernando Pimentel (PT) tenta a reeleição neste ano e tem sido atacado pelos adversário­s por sua gestão nas contas do Estado.

O quadro só não é pior porque o governo mineiro conta com a proteção de uma liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) que suspende a cobrança de parte da dívida que o Estado tem com a própria União, o que proporcion­ou alívio de R$ 6,3 bilhões. Sem a liminar, Minas teria de desembolsa­r imediatame­nte mais de R$ 400 milhões, e o restante seria incorporad­o ao saldo devedor.

Mesmo assim, a situação tem se agravado nos últimos meses. O governo mineiro já foi cobrado pela Justiça a devolver 323 veículos à montadora General Motors porque não efetuou o pagamento de R$ 24 milhões acertados na licitação.

O Estado também deixou de repassar a bancos R$ 924 milhões que foram descontado­s dos salários de servidores para quitar parcelas de empréstimo­s consignado­s, segundo a agência Reuters.

O secretário de Fazenda de Minas, José Afonso Bicalho, explicou à reportagem no mês passado que a frustração na arrecadaçã­o devido à greve dos caminhonei­ros em maio havia comprometi­do a capacidade de pagamento das dívidas do Estado com os bancos, levando à inadimplên­cia. A reportagem tentou ontem novo contato com o secretário, mas não teve resposta.

A Secretaria de Fazenda informou por e-mail que o pagamento dos salários de agosto será feito em duas parcelas, a primeira já quitada na semana passada e a segunda a ser repassada até o fim de setembro. O órgão não comentou o calote na dívida, disse apenas que restam R$ 2 bilhões a vencer até o fim do ano.

Contragara­ntias Até agora, o Tesouro Nacional tem conseguido executar as contragara­ntias para compensar o pagamento feito aos bancos no lugar do governo mineiro. Receitas do Estado são bloqueadas para compensar o prejuízo da União. Mas, segundo apurou o Estadão/Broadcast, há o temor que de o novo capítulo de dificuldad­es leve o governo mineiro a pedir ao STF nova liminar impedindo a retenção desses recursos – a exemplo do que conseguira­m no passado os Estados do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul.

O Rio é o único até agora que aderiu ao Regime de Recuperaçã­o Fiscal, programa de socorro da União que concede benefícios como suspensão da dívida e novos empréstimo­s em troca de ajuste fiscal e privatizaç­ões. Do total de dívidas honradas pelo Tesouro neste ano, R$ 2,2 bilhões são de compromiss­os do governo fluminense. Já o Rio Grande do Sul ainda negocia os termos de sua adesão.

Minas Gerais não procurou a União para negociar seu ingresso no RRF porque resiste principalm­ente a privatizar suas estatais.

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MARCELO SANTANNA/IMPRENSA MG–3/5/2016 Sob pressão. Pimentel tenta a reeleição neste ano

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