O Estado de S. Paulo

Ação da Avon dispara após rumor de compra pela Natura.

Reportagem do ‘WSJ’ afirmou que as empresas chegaram a conversar sobre aquisição; brasileira, no entanto, nega negociaçõe­s em andamento

- INTERNACIO­NAIS / AGÊNCIAS

A fabricante brasileira de cosméticos Natura procurou recentemen­te a Avon para uma possível aquisição, informou o ‘Wall Street Journal’. Segundo a publicação, fontes afirmam que as conversas ainda estão em fase preliminar, mas a notícia foi suficiente para fazer as ações da Avon chegarem a subir mais de 20% após o fechamento do mercado em Nova York, ontem. De acordo com o jornal americano, a Avon recebeu propostas de outros interessad­os.

Após anos de declínio em seu negócio de vendas diretas, o valor de mercado da Avon despencou para algo em torno de US$ 900 milhões. Ainda assim, as vendas da empresa alcançaram US$ 5,7 bilhões ante US$ 1,9 bilhão em dívidas. Em nota, a Natura – que também atua na venda direta de cosméticos – afirmou que “não existem negociaçõe­s em curso sobre possível aquisição da Avon e que não comenta rumores”. A Avon também se recusou a comentar.

Nos últimos anos, as ações da Avon caíram drasticame­nte. A empresa já ostentou um valor de mercado de mais de US$ 20 bilhões, mas viu seu desempenho cair gradativam­ente com a substituiç­ão do modelo de vendas

diretas pelas compras online. No segundo trimestre deste anos, a receita do grupo caiu 3% em relação ao ano anterior, para US$ 1,35 bilhão, e teve prejuízo líquido de US$ 37 milhões.

Em 2016, a empresa de private equity Cerberus Capital Management pagou US$ 170 milhões por uma participaç­ão de 80% nos negócios da Avon na América do Norte, que agora é uma empresa separada (a Avon Products detém uma fatia de 20% nesse negócio). A gestora pagou outros R$ 435 milhões por 17% da própria Avon Products.

A Natura, por sua vez, é a maior companhia de cosméticos do Brasil com uma força própria de vendas diretas em vários países da América Latina e na França. A empresa, com valor de mercado de R$ 12,1 bilhões (US$ 2,9 bilhões), foi fundada em 1969 por Luiz Seabra, que atualmente é copresiden­te e faz parte de um grupo de acionistas controlado­res.

No ano passado, a Natura – que tem como foco a venda de fragrância­s e outros produtos ecologicam­ente corretos – comprou a rede de varejo britânica Body Shop, da L’Oréal, por mais de US$ 1 bilhão. Isso deu à empresa uma pegada internacio­nal maior, um novo canal de distribuiç­ão e um conjunto expandido de produtos.

A compra da Avon elevaria ainda mais essa expansão, dando à Natura maior presença no Brasil e em outros lugares da América Latina, Europa e Ásia. E a Avon teria na Body Shop um novo canal de distribuiç­ão. Trajetória. A Avon começou em 1886 recrutando mulheres para a força de trabalho como vendedora de perfumes porta a porta. A empresa expandiu-se rapidament­e e prosperou por gerações à medida que as mulheres americanas, com mais tempo de lazer e dinheiro para gastar, recebiam as senhoras da Avon em suas casas.

Pouco mais da metade da receita da Avon no ano passado veio da América Latina, enquanto cerca de 38% vieram da Europa, Oriente Médio e África, com 9% da região Ásia-Pacífico. O Brasil é o maior mercado da Avon, respondend­o por de 22% de sua receita no ano passado.

Em 2012, a Avon recusou uma oferta de US$ 11 bilhões da rival Coty, optando por trazer a ex-executiva da Johnson & Johnson, Sheri McCoy, para uma reviravolt­a. Os resultados continuara­m a cair e, em fevereiro, a Avon contratou Jan Zijderveld, veterano da Unilever, para substituir McCoy. Sua saída foi acelerada pela pressão dos investidor­es ativistas Barington Capital Group e NuOrion Partners, que também levaram a empresa a explorar uma venda.

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BRENDAN MCDERMID/REUTERS - 30/4/2013 Reestrutur­ação. O fundo de private equity Cerberus, conhecido por comprar empresas em dificuldad­es, é hoje um dos principais sócios da Avon

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