A alternativa que não é o inglês
Cresce procura por colégios com aulas em alemão e francês, por exemplo. E com público diversificado
Apesar de a maioria das escolas bilíngues ainda oferecer o inglês, tem crescido também a procura por colégios que apostam em outros idiomas, como o alemão e o francês. E, se até há algum tempo o público desses colégios era composto quase que em sua totalidade por filhos de estrangeiros residentes no Brasil ou por famílias com ascendência, o cenário agora é outro.
“No momento em que o Brasil está, com menos estrangeiros vindo morar aqui, temos uma redução desse tipo de público na escola e percebemos um aumento de famílias brasileiras que buscam a educação bilíngue como um investimento, para fornecer aos filhos o convívio com culturas e sistemas escolares diferentes e a possibilidade de estudar nesses países”, explica Valdir Rasche, diretor pedagógico do Humboldt, colégio bilíngue alemão.
Foi essa a lógica que levou o engenheiro civil Flávio de Oliveira Scapim a matricular os filhos Miguel, de 6 anos, e Pedro, de 8, na instituição. Apesar de ninguém na família falar alemão, ele viajou a trabalho ao país e quer os filhos com os valores que percebeu por lá e, quem sabe, até morando em terras germânicas no futuro. “Eu me identifiquei muito com a disciplina e o desapego ao consumismo. Na Alemanha, eu via executivos e presidentes de empresas levarem os filhos na escola com mochilas de pano pintadas pela criança. Quero que eles cresçam valorizando esse tipo de comportamento e tenham a chance de, uma vez fluentes na língua, fazerem faculdade lá”, conta.
Especificidade. Pelo fato de o alemão não ser tão popular como o inglês, algumas técnicas específicas são necessárias. O Humboldt usa, por exemplo, o modelo de bilinguismo aditivo: uma dupla de professores em que ambos se comunicam na sala de aula e, dessa maneira, as situações são vivenciadas nos dois idiomas. Além disso, são realizados saraus a cada dois meses, nos quais os docentes trabalham com os alunos aspectos de música e poesia que mesclam cultura brasileira e alemã.
O engajamento da família, mesmo que não domine o idioma, é fundamental. “Friso que a família não precisa aprender a língua, mas tem de se abrir a uma experiência multicultural”, afirma Diana Schuler, coordenadora da primeira fase do ensino fundamental. “Fazer isso é simples. Basta se propor a ir em livraria, experimentar o gosto da comida alemã, fazer biblioteca em casa, assistir filme em língua alemã, vivenciar jogos e passar férias no país” / ALEX GOMES E OCIMARA BALMANT, ESPECIAIS PARA O ESTADO