O Estado de S. Paulo

Economista quer taxar transação financeira

Formulador do plano de Bolsonaro, economista propõe substituir atuais tributos por uma única cobrança semelhante à da antiga CPMF

- José Fucs

Em substituiç­ão a uma série de tributos existentes hoje, entre eles IPI, IOF, PIS e Cofins, o economista Paulo Guedes, ligado a Jair Bolsonaro, estuda a criação de um imposto semelhante à antiga CPMF ou um imposto de valor agregado, o Imposto sobre Bens e Serviços.

Com chances reais de JairBol sonar o chegara o segundo turno e até ganhara eleição, Paulo Guedes, seu principal conselheir­o econômico já anunciado como futuro ministro da Economia, está debruçado no detalhamen­to das propostas que pretende colocar em prática se o presidenci­ável do PSL sair vencedor das urnas. Nas últimas semanas, ele ampliou os contatos no mundo dos negócios, para apresentar suas ideias a investidor­es e empresário­s e “medir o pulso” do PIB a elas.

Uma de suas prioridade­s será a reforma tributária, para simplifica­r, reduzir e eliminar o cipoal de impostos, taxas e contribuiç­ões que infernizam avidadas empresas e dos indivíduos, conforme alinhavado no programa de governo entregue por Bolsonaro ao TSE, quando realizou o pedido de registro de sua candidatur­a. “Não faz o menor sentido aumentar impostos no País ”, disse ele ao site BR18 ,do Estado. Parte das propostas foi publicada ontem pela Folha de S.Paulo.

Guedes afirmou que os estudos contemplam essencialm­ente duas propostas. Uma delas prevê a substituiç­ão dos tributos federais (IPI, IOF, PIS e Cofins) por um único imposto – o Imposto Unificado Federal (IUF). O novo imposto incidiria sobre todas as transações financeira­s, de forma semelhante à antiga CPMF, em linha com o projeto lançado pelo economista e ex-deputado federal Marcos Cintra, em 1990, e manteria a partilhada arrecadaçã­o entre os entes da Federação de acordo com as regras atuais.

A alíquota do IUF não foi definida ainda, mas a equipe de Guedes calcula que ela poderá chegar a 1% sobre cada transação financeira. O objetivo, num primeiro momento, diante da crise fiscal, é manter a carga tributária atual, de cerca de 34% do Produto Interno Bruto (PIB). “A ideia é tornar os impostos progressiv­os e socialment­e mais justos, para que os mais ricos paguem mais, e não regressivo­s, como são hoje, deixando a conta mais salgada para os mais pobres”, afirmou.

A outra proposta se baseia no projeto do economista Bernard Appy, diretor do Centro de Cidadania Fiscal (CCiF) e ex-secretário de Polícia Econômica do Ministério da Fazenda, que prevê a substituiç­ão de cinco tributos (ICMS, ISS, IPI, PIS e Cofins) por um imposto de valor agregado, o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que desonerari­a as exportaçõe­s e os investimen­tos e incidiria sobre o consumo.

No âmbito da Previdênci­a, Guedes estuda a simplifica­ção do atual sistema de contribuiç­ão das empresas, além da implantaçã­o do modelo de capitaliza­ção, que prevê a criação de contas individuai­s, que receberão as contribuiç­ões de cada segurado e servirãode­ba separa o cálculo das aposentado­rias, já anunciado antes.

O plano é substituir os diversos tributos previdenci­ários existentes hoje (contribuiç­ões, salário-educação, Sistema S) por um único encargo. Neste caso, a alíquota poderia ficar entre 0,40% e 0,50% também incidente sobre as transações financeira­s. “O sistema atual é muito complexo, destrói milhões de empregos e impede a criação de novos postos de trabalho.”

Se o plano para a Previdênci­a for implementa­do com o do imposto único, o País terá apenas dois grandes tributos federais, ambos sobre transações financeira­s, em vez dos cerca de 50 existentes hoje – um para a Previdênci­a e outro para impostos e contribuiç­ões. Mas estão adiantados os estudos, para o caso de esse sistema ser encampado por Bolsonaro, para que eles sejam cobrados de forma unificada, com uma única alíquota que giraria em torno de 1,5% sobre as transações financeira­s.

‘Pejotizaçã­o’. Em relação ao Imposto de Renda, Guedes conta que o plano é reduzir as duas alíquotas mais elevadas do IR de pessoa física, de 27,5% e 22,5%, para 20%. Ao mesmo tempo, ele pretende aumentar para os mesmos 20% a alíquota de quem recebe seus rendimento­s como pessoa jurídica, hoje de 17,5%, para desestimul­ara chamada “pejotizaçã­o”, mencionada porBol sonar o em sabatina.

Pela mesma lógica, seria instituído um imposto sobre dividendos, hoje isentos, também na base de 20%. Guedes negou, porém, que isso representa­ria um aumento da carga tributária das empresas, cujo IR hojeé de 34%. Segundo ele, aprop os taé reduzir os 34% para 15%, compensand­o a tributação de 20% sobre os dividendos.

Diante da afirmação da presidente cassada Dilma Rousseff de que não convidou Guedes para ocupar o Ministério da Fazenda, ele reafirmou que foi chamado para jantar em Brasília e, que na ocasião, Dilma o avisou de que substituir­ia o então ministro Joaquim Levy e lhe perguntou o que faria se estivesse no lugar dele. “Ela está perfeitame­nte habilitada a dizer que não me sondou e eu perfeitame­nte habilitado a me sentir sondado. Ninguém chama alguém para um jantar e faz essas perguntas se não estiver fazendo uma sondagem.”

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WILTON JUNIOR/ESTADÃO-10/4/2018 Propostas. O economista Paulo Guedes, responsáve­l pelo programa econômico do presidenci­ável Jair Bolsonaro, do PSL

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