Rede abre processo contra candidato ‘infiel’ em PE
Julio Lóssio, que disputa o governo do Estado pelo partido de Marina Silva, se aliou a apoiadores de Jair Bolsonaro, do PSL
A Executiva Nacional da Rede abriu ontem um processo por infidelidade partidária contra o candidato do partido ao governo de Pernambuco, Julio Lóssio, que se aliou a apoiadores do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). Lóssio, que pode ser expulso da sigla e ter o registro de candidatura cassado, deve apresentar sua defesa hoje.
Como mostrou o Estado, Lóssio se aliou a Luiz Meira (PRP) e a Gilson Machado (PSL), apoiadores de Bolsonaro. Ao abrir o processo, a Executiva alegou que a Rede não está coligada com o PRP em Pernambuco, e que o estatuto da legenda e a legislação eleitoral vetam alianças sem coligação.
A presidenciável da Rede, Marina Silva, desautorizou “toda e qualquer articulação que possa, no mínimo, flertar com esse tipo de postura autoritária e antidemocrática”, ao ser questionada sobre o apoio de bolsonaristas ao candidato de seu partido.
Lóssio afirmou que mantém seu “apoio em favor de Marina”, mas que já espera uma punição. “É um direito deles”, afirmou. Ele, no entanto, criticou seus correligionários pernambucanos, a quem chamou de “laranjas-lima, verdes por fora e amarelos por dentro”, em alusão às cores da Rede e do PSB, hoje no comando do Estado.
“Parte dos integrantes da Rede gostaria que nossa campanha fosse algo apenas para fazer papel coadjuvante e servir ao projeto do PSB. Eles tinham cargos no governo e parecem querer voltar aos braços do Palácio das Princesas (sede do Executivo do Estado)”, disse Lóssio.
Segundo o professor de Direito Eleitoral Alberto Rollo, a expulsão e o cancelamento do registro não são automáticos. Cabe à Justiça Eleitoral analisar o pedido do partido. Além disso, a Rede não poderia substituir Lóssio, uma vez que o prazo para troca de candidatos terminou.