O Estado de S. Paulo

Desmantela­mento, mas só depois de gesto americano

SÃO JORNALISTA­S

- Simon Denyer & Anne Gearan / / TRADUÇÃO CLAUDIA BOZZO

Kim Jong-un apresentou ontem uma proposta para desmantela­r a principal instalação nuclear do país, mas só se os EUA fizerem concessões primeiro. Donald Trump considerou o acontecime­nto encorajado­r, mas não assumiu novos compromiss­os. Kim e o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, se encontrara­m em Pyongyang para avançar no processo de paz e no diálogo com os EUA.

Kim prometeu ir a Seul, o que seria a primeira visita oficial de um líder norte-coreano, e se compromete­u a permitir que “inspetores” verificass­em que uma importante instalação de mísseis foi desativada. O diálogo deve melhorar relação entre as Coreias e preparar o caminho para uma segunda cúpula entre Kim e Trump, no fim do ano.

Especialis­tas dizem que as negociaçõe­s são imprevisív­eis, embora Trump tenha reagido positivame­nte, principalm­ente à proposta de candidatur­a conjunta das Coreias aos Jogos Olímpicos. Espera-se que o americano se reúna com Moon na segunda-feira, em Nova York, na abertura da Assembleia­Geral da ONU. Moon deve usar a reunião para aproximar os dois ainda mais.

As conversas entre EUA e Coreia do Norte chegaram a um impasse sobre quem deveria dar o próximo passo. Washington quer que Pyongyang desative seu programa nuclear. A Coreia do Norte pressiona para que os EUA declarem formalment­e o fim da Guerra da Coreia.

Ontem, Pyongyang se compromete­u a “desativar permanente­mente” um local de testes de mísseis. Chung Eui-yong, diretor da Agência de Segurança Nacional da Coreia do Sul, descreveu a medida como “uma conquista concreta”, acrescenta­ndo que os inspetores dos EUA estariam entre os teriam permissão para verificá-la.

Mas ainda não há promessas novas e concretas para satisfazer muitos especialis­tas. Dentro do governo Trump, altos funcionári­os querem que a Coreia do Norte revele suas instalaçõe­s nucleares e de mísseis, em vez de fazer concessões unilaterai­s e fragmentad­as. Especialis­tas também acreditam que Kim siga construind­o armas nucleares.

Por isso, Gi-Wook Shin, diretor do Centro de Pesquisas Shorenstei­n, da Universida­de de Stanford, considerou o resultado “decepciona­nte” em termos de desnuclear­ização, já que não há sinal da disposição de Pyongyang de fazer uma prestação de contas completa de suas instalaçõe­s nucleares e de mísseis.

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