Projeto busca revitalizar Jaguaré e Vila Leopoldina
Prefeitura abre consulta pública para Projeto de Intervenção Urbana Arco Pinheiros, que passará por audiências até chegar à Câmara
A Prefeitura de São Paulo abriu até 4 de outubro para consulta pública online o Projeto de Intervenção Urbana (PIU) Arco Pinheiros. A proposta tem o objetivo de atrair 70 mil moradores para o entorno da Vila Leopoldina e do Jaguaré, na zona oeste da cidade, um aumento em 30 anos de 152% da população da área (de 1.467 hectare), que hoje é de 46 mil pessoas.
Após o fim da consulta, a gestão Bruno Covas (PSDB) quer definir as ações do projeto, submetê-lo a audiências públicas e enviá-lo para aprovação na Câmara Municipal no primeiro semestre de 2019. No mesmo período, também devem ser votados os PIUs Jurubatuba, Tietê e Tamanduateí, que também preveem o adensamento dos eixos fluvial e ferroviário da cidade,
“O Plano Diretor já direcionava esses locais como de maior capacidade de transformação e desenvolvimento imobiliário e econômico”, diz Leonardo Amaral Castro, diretor de desenvolvimento da empresa municipal São Paulo Urbanismo.
Na área do PIU Arco Pinheiros, estão previstas a construção de duas pontes e a criação de corredores de ônibus para conectar os dois lados do Rio Pinheiros, além da ampliação do circuito cicloviário, especialmente próximo de estações de trem, e de bulevares arborizados no eixo central de avenidas. “É uma forma de compactar o território, complementando os usos”, afirma Castro.
Dentre os sete pontos de adensamento preferencial estão o entorno das Avenidas Jaguaré e Gastão Vidigal, com a prioridade da construção de prédios residenciais de fachada ativa, isto é, com comércio e serviços no térreo. Segundo Castro, esse tipo de edificação incentiva o consumo local e evita deslocamentos mais longos para áreas centrais. Do total investido, 30% será direcionado a habitação de interesse social, espalhadas por nove áreas ainda em estudo pelo Município.
Mudança de perfil. “A dificuldade maior é que a cidade contornou aquela região”, explica Antonio Claudio Fonseca, professor de Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Ele aponta que a instalação de equipamentos de grande porte décadas atrás, como a Ceagesp e a Cidade Universitária, criaram “ilhas” na região, o que dificultou o adensamento.
O professor avalia que a área tem uma boa infraestrutura, especialmente pela proximidade com vias expressas e estações de trem. “O PIU vai colocar dentro da cidade uma área de muito valor, que está totalmente abandonada e descaracterizada. Até pouco tempo atrás não tinha nenhum projeto para lá.”
De acordo com ele, o perfil do novo morador deverá ser de classe média, semelhante ao das novas edificações da Vila Leopoldina. Fonseca, ressalta, contudo que os novos prédios devem estar conectados com a cidade, pois assim atrairão a circulação de moradores e a novos comércios. “O que precisa, na hora que tem adensamento, é impedir que se faça no esquema de condomínio fechado.”