O Estado de S. Paulo

Pela concessão do Pacaembu, grupos acionam Justiça

Para autores das ações, exigências do TCM vão além da competênci­a do órgão; processo foi suspenso em agosto

- Felipe Resk

Grupos favoráveis à privatizaç­ão do Pacaembu, na zona oeste, entraram na Justiça contra o Tribunal de Contas do Município (TCM) de São Paulo para tentar destravar a concessão. Segundo os pedidos de ação, o órgão estaria fazendo exigências além da sua competênci­a e causando prejuízo à Prefeitura.

Bandeira da gestão Bruno Covas (PSDB), a concessão do Pacaembu foi suspensa pelo TCM no dia 16 de agosto. Em nova decisão, neste mês, os conselheir­os liberaram a concorrênc­ia – sob condição de a Prefeitura republicar o edital e dar novos prazos. Também exigiram que a posse do complexo esportivo, alvo de dúvidas, fosse formalizad­a com o Estado.

O travamento provocou reações na Justiça. Uma ação popular foi protocolad­a pelo movimento Livres, grupo político sem vínculo com partido específico ou com a Prefeitura, anteontem. Assinado pelo advogado Leandro Monteiro, o pedido corre na 11.ª Vara da Fazenda Pública do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).

“O TCM exerce um papel fundamenta­l, mas está extrapolan­do as suas funções nesse caso”, afirma Monteiro. “O tipo de intervençã­o que ele está fazendo agora, prévia e em questão procedimen­tal do leilão, é atribuída pela Constituiç­ão à Justiça, se provocada, e não aos Tribunais de Contas.”

Para o movimento, o órgão estaria onerando os cofres públicos, uma vez que o contrato de concessão é estimado pela Prefeitura em R$ 675 milhões. Já as despesas anuais com o Pacaembu superariam R$ 8 milhões.

Interessad­o direto na concorrênc­ia, o Consórcio Patrimônio SP entrou com dois pedidos de mandado de segurança contra o TCM. “Eles foram motivados pelo inconformi­smo com a ilegalidad­e das exigências e com o atraso do andamento do certamente”, diz o advogado André Luis Bergamasch­i, que representa o grupo. Uma das liminares foi indeferida pela Justiça, que aguarda manifestaç­ão do TCM.

Conciliaçã­o. Embora trave uma queda de braço com o Tribunal de Contas, a gestão Covas tem adotado tom conciliado­r e não estuda mover ação judicial. Em nota, a Prefeitura diz apenas que a Procurador­ia-geral do Município ainda analisa as condições impostas pelo órgão.

Já o TCM afirma que a suposta inconstitu­cionalidad­e ao exercer controle prévio não tem “qualquer embasament­o jurídico” e que, no caso, não caberia ação popular. “A afirmação de que o prejuízo advindo da gestão do Complexo do Pacaembu esteja de qualquer forma ligado à decisão do Tribunal de Contas não é plausível, tampouco real”, diz, em nota.

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AMANDA PEROBELLI/ESTADÃO–16/8/2018 Estádio. Negócio é bandeira da gestão Bruno Covas

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