O Estado de S. Paulo

A força das ‘Sete Mulheres’ na telinha

Sucesso na Globo em 2003, minissérie ganhou tratamento de superprodu­ção

- Adriana Del Ré

Exibida em 2003, a minissérie A Casa das Sete Mulheres, da Globo, tinha ares de épico. E isso se dava pelo conjunto da obra. Pela assinatura do diretor Jayme Monjardim – e suas tomadas generosas das paisagens gaúchas. Pela trama dramática habilmente conduzida pelos autores Maria Adelaide Amaral e Walther Negrão, numa adaptação da obra de Letícia Wierzchows­ki ambientada no Sul do País, durante a Revolução Farroupilh­a, no século 19. E pelo grande elenco, encabeçado pelas sete protagonis­tas, Ana Joaquina (Bete Mendes), Maria (Nívea Maria), Manuela (Camila Morgado), Rosário (Mariana Ximenes), Mariana (Samara Felippo), Caetana (Eliane Giardini) e Perpétua (Daniela Escobar) – sem contar as outras figuras femininas relevantes da trama.

Assim, mais do que pelos heróis, esse momento da História do Brasil era contado, na telinha, pelas heroínas. Uma das personagen­s principais, a doce e forte Manuela (Camila Morgado) tinha duas funções importante­s na narrativa: da ação e da narração. Enquanto os homens da família iam aos campos de batalha, as mulheres isoladas numa instância enfrentava­m a solidão e as adversidad­es, relatadas por Manuela em seu diário.

Vinda do teatro, Camila Morgado foi aposta de Jayme Monjardim – que, não raro, dá papéis de destaque para novos talentos. A atriz tornou-se uma das revelações da minissérie. Sua interpreta­ção dosava a fragilidad­e e a determinaç­ão exibidas pela personagem. Quem não torcia pelo romance de Manuela e do revolucion­ário italiano Giuseppe Garibaldi (em desempenho preciso de Thiago Lacerda)? Quem não ficou com o coração despedaçad­o ao ver a heroína deixada para trás após Garibaldi se apaixonar pela corajosa Anita (Giovanna Antonelli) durante a guerra?

No elenco, destacou-se também outro rosto até então desconheci­do na TV, o ator gaúcho Werner Schünemann, no papel de Bento Gonçalves, líder dos farrapos e patriarca da família. Assim como Camila, Werner foi uma aposta acertada em outro personagem-chave da história. O sotaque local e o talento que já havia sido reconhecid­o no cinema caíram como uma luva em seu Bento Gonçalves. Depois do sucesso de A Casa das Sete Mulheres, Werner seguiu carreira na emissora, assim como Camila Morgado.

Com elenco irretocáve­l e investimen­to digno de superprodu­ção, à la E o Vento Levou...,a minissérie entrou para a história da teledramat­urgia brasileira.

 ??  ??
 ?? TV GLOBO ?? Sob a ótica feminina. Camila Morgado (E) estreou na TV nesse trabalho
TV GLOBO Sob a ótica feminina. Camila Morgado (E) estreou na TV nesse trabalho

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil