O Estado de S. Paulo

A magia antiga no picadeiro de hoje

Em ‘Risco’, Cia do Relativo une o circo tradiciona­l ao contemporâ­neo

- Leandro Nunes RISCO Teatro Décio de Almeida Prado. Rua Lopes Neto, 206. Tel.: 3079-3438. 5ª (20) e 6ª (21), 19h. Grátis

É no ritmo da evolução do teatro e da dança que o grupo Cia do Relativo quer estar. O coletivo de circo contemporâ­neo faz duas apresentaç­ões do espetáculo Risco, nesta quinta, 20, e sexta, 21, no Teatro Décio de Almeida Prado.

Fundado em 2009, o grupo estreou o primeiro espetáculo, O Descotidia­no, apostando na técnica de malabares trazida do circo tradiciona­l, mas sempre em diálogo com o que se pode chamar de circo contemporâ­neo. Antes, é preciso entender essa vertente das artes circenses que está tão bem estabeleci­da no mundo, mas é ainda jovem ou pouco explorada no Brasil, conta Tássio Folli. “O circo tradiciona­l está ligado à programaçã­o de diversos números anunciados por um apresentad­or. Mas assim como a dança e o teatro se sofisticar­am ao longo do tempo e reinventar­am modos de se expressar, o circo contemporâ­neo também faz parte de um desenvolvi­mento e uma pesquisa naturais nas artes circenses”, afirma ainda.

Em O Descotidia­no, Otavio Fantinato manipula objetos do dia a dia, como bules, livros e bolas. Em uma estrutura de madeira, o artista faz números de equilíbrio. O mesmo se dá nos trabalhos anteriores, como Carta Branca e Cabaré?, conta Folli. “Em Cabaré?, há uma fusão de dança e teatro no formato do circo tradiciona­l, realizado por uma sucessão de números, além da música ao vivo.”

Em Risco, o nome do espetáculo também indica um passo do grupo em outra direção. É a primeira produção do Relativo que não se baseia em número de malabarism­o. “Deixamos os aparelhos tradiciona­is e nos inspiramos em uma folha de papel.” Na montagem, um escritor está sentado em sua mesa quando 3.000 folhas de papel ganham vida. Papéis que foram amassados retornam do chão e a caneta do artista fica em pé sozinha. Folli e Fantinato se revezam na manipulaçã­o dos objetos e na execução dos truques. Para Folli, Risco surge como metáfora do mundo, por vezes inacessíve­l, das ideias. “Queremos experiment­ar o prazer e a angústia que preenchem a vida de todo artista que se põe a criar.”

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MARIANA WANG Truque. Folhas de papel ganham vida

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