O Estado de S. Paulo

Do Brasil, prove também os tintos

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O vinho brasileiro de qualidade vai além dos espumantes. As borbulhas nacionais são campeãs em atrair a atenção de consumidor­es dentro e fora do País, mas a Grande Prova Vinhos do Brasil deste ano revela que é outra categoria que merece atenção: a de tintos, os campeões de medalhas pela primeira vez em sete anos da prova. Das 869 amostras inscritas no concurso por 117 vinícolas de oito estados brasileiro­s (RS, SC, PR, SP, RJ, MG, BA e PE), foram premiados 164 tintos. Já os festejados espumantes levaram menos da metade – 73 medalhas.

Os brancos se deram mal – apenas 17 foram condecorad­os. O presidente do júri, Marcelo Copello, acredita que os brancos sofrem com o chamado “efeito Tostines”: têm menos atenção das vinícolas porque o brasileiro não se interessa por eles e, por outro lado, o consumidor não se interessa porque os brancos recebem menos atenção das vinícolas – e logo a qualidade é mais baixa.

Entre os tintos, é a Cabernet Franc a azarona. Esta uva de fama discreta por aqui teve dez ouros entre 17 rótulos. Em segundo lugar, destacou-se a Pinot Noir, entre os 21 provados, seis medalhas. O patinho feio foi a Riesling, sem medalhas. Houve apenas 16 vinhos defeituoso­s, sendo a oxidação o problema em dez deles.

Para levar ouro, o vinho tem que atingir 88,5 pontos. Se chegar a 92, recebe o chamado “duplo ouro”. O concurso usou o critério da OIV (Organizaçã­o Internacio­nal do Vinho e da Vinha) que não premia mais que 30% dos rótulos. “Houve uma inflação de nota no mundo do vinho. Com certos críticos não se pode servir água mineral que ela receberia 90 pontos. Se for com gás, levaria quatro pontos a mais”, brinca Copello. “Na prova, menos de 1% levou duplo ouro, apenas sete vinhos, sendo três espumantes e quatro tintos. Nenhum branco, rosé ou fortificad­o levou”, diz.

Entre as vinícolas, duas se destacam: a Miolo obteve a maior pontuação em cinco categorias e a Valduga levou 17 insígnias. Entre os premiados há vinhos de menos de R$ 100 como o Miolo Reserva Sauvignon Blanc 2018 (R$ 53,85) e o Espumante Casa Valduga RSV Brut 25 meses (R$ 85,41).

O resultado completo será divulgado durante a primeira edição da feira de negócios Wine South America, em Bento Gonçalves, na próxima semana.

 ?? FRANCISCO CARNEIRO ?? Mar de garrafas. Os 24 integrante­s do júri degustaram mais de 800 rótulos no Rio
FRANCISCO CARNEIRO Mar de garrafas. Os 24 integrante­s do júri degustaram mais de 800 rótulos no Rio

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