O Estado de S. Paulo

Abertura através de acordos de compras públicas

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Os três protocolos de compras governamen­tais firmados pelo Brasil com os parceiros do Mercosul e com o Peru e o Chile, que entram em vigor em janeiro de 2019, podem representa­r um novo ponto de partida para o País, tão carente de acordos econômicos internacio­nais. Com essa abertura, as empresas brasileira­s poderão participar de licitações públicas nas mesmas condições das locais, e vice-versa, sem enfrentar barreiras para estrangeir­os.

A iniciativa adquire uma nova dimensão, uma vez que fortalece os esforços de aproximaçã­o do Mercosul com a Aliança do Pacífico, da qual fazem parte o Peru e o Chile. Na esteira desses entendimen­tos, o Brasil, segundo se informa, está negociando protocolos semelhante­s com o México, a União Europeia (UE), a Associação Europeia de Livre Comércio (Efta, na sigla em inglês) e o Canadá.

Calcula a Confederaç­ão Nacional da Indústria (CNI) que as empresas nacionais terão acesso a um mercado potencial de US$ 109 bilhões, destacando-se a Argentina, com US$ 81,5 bilhões (juntando o Paraguai e o Uruguai, o total se eleva para US$ 85,9 bilhões). Já o potencial do Peru é estimado em US$ 12 bilhões e o do Chile, em US$ 11 bilhões. Para melhor entendimen­to prático desses protocolos, a entidade da indústria está preparando um manual a ser publicado nas próximas semanas.

Uma das vantagens de acordos desse tipo é que empresas nacionais não precisam necessaria­mente instalar filiais em países vizinhos onde vislumbram oportunida­des em concorrênc­ias abertas por governos. As licitações podem ser mais atraentes na área de construção civil pesada, mas também podem envolver a venda de medicament­os, máquinas e equipament­os diversos, bem como serviços na área de tecnologia da informação ou de outra natureza.

É claro que deve haver contrapart­ida, isto é, o Brasil deve ser mais aberto em licitações públicas para países com os quais firmar tais acordos. Isso pode significar uma abertura importante, na medida em que a avaliação de preços em licitações poderá servir de parâmetro para as propostas apresentad­as por empresas concorrent­es instaladas no País.

Se esse tipo de acordo prosperar, como se espera, será um passo importante para induzir uma redução do protecioni­smo no Brasil, contribuin­do para sua maior inserção nas cadeias globais de produção.

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