PF prende libanês que financiaria o Hezbollah
Alvo. Assad Ahmad Barakat era considerado foragido pelas autoridades paraguaias desde 2017 e procurado pela Interpol; na Argentina, o comerciante foi apontado como um dos financiadores do atentado contra a Amia, em 1994, que matou 85 pessoas
Apontado pelos EUA como financiador do grupo islâmico Hezbollah, o libanês naturalizado paraguaio Assad Ahmad Barakat foi preso pela PF no Paraná. Barakat era considerado foragido pelo Paraguai desde agosto de 2017.
Apontado pelos EUA como financiador do grupo islâmico Hezbollah, o libanês naturalizado paraguaio Assad Ahmad Barakat foi preso ontem pela Polícia Federal em Foz do Iguaçu (PR). Barakat, de 51 anos, era considerado foragido pelas autoridades paraguaias, desde agosto de 2017, e estava na difusão vermelha da Interpol, a lista dos mais procurados no mundo.
O pedido do Paraguai para inclui-lo na difusão vermelha se deu após o comerciante apresentar documentos falsos para renovar seu passaporte. Barakat foi acusado de apresentar declaração de nacionalidade incorreta e de omitir informação sobre a perda de nacionalidade, o que na lei paraguaia é crime de falsificação de documentos.
Embora esteja na mira da Justiça paraguaia e argentina e seja considerado, desde 2006, pelo Departamento do Tesouro dos EUA, financiador do Hezbollah, o comerciante não era investigado no Brasil. A prisão pela PF foi para cumprir o alerta da Interpol. “Barakat é apontado como operador financeiro do Hezbollah. É investigado nos EUA, Argentina e Paraguai. Há informações de que, ao ter conhecimento da decretação de prisão, ele solicitou refúgio ao Brasil”, afirmou em nota a Procuradoria-Geral da República.
O Paraguai já solicitou a extradição do comerciante. O pedido será analisado pelo ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF). A reportagem não conseguiu localizar a defesa de Barakat. Ele é apontado como um dos principais operadores financeiros do grupo islâmico na região.
Desde os atentados de 11 de setembro de 2001, com o recrudescimento da repressão contra organizações terroristas por parte dos EUA, o comerciante começou a ser alvo de promotores paraguaios. No início dos anos 2000, os paraguaios mapearam repasses financeiros de empresas de Barakat para o Hezbollah. À época, ele negou que as transações fossem para financiar o terrorismo. Segundo ele, os repasses eram destinados a entidades que cuidavam de órfãos da ocupação israelense no Líbano.
Autoridades argentinas, por sua vez, congelaram em julho todos os bens do clã Barakat no país após identificarem a compra de prêmios em um cassino na cidade de Iguazu no valor de US$ 10 milhões. Os valores não foram declarados e são classificados como manobra para lavagem de dinheiro da organização que seria liderada por ele.
Bakarat foi apontado na Argentina como um dos financiadores do atentado contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), em 1994, que matou 85 pessoas. A suspeita contra Barakat nunca foi comprovada. Em 2002, ele teve sua prisão autorizada pelo STF, que julgou um pedido de extradição da Justiça paraguaia. O comerciante era acusado de apologia ao crime, evasão de divisas e falsificação de produtos. Um ano depois, ele foi extraditado para o Paraguai e condenado a seis anos por remessas ilegais de dinheiro para o exterior. Em 2008, após sua libertação, ele se mudou para Foz do Iguaçu.