Fórum dos Leitores
CAMPANHA ELEITORAL A marcha da insensatez
Em carta divulgada na quintafeira, Fernando Henrique Cardoso descreve um quadro eleitoral preocupante e diz que ainda há tempo para deter o que denomina, à maneira de Barbara Tuchman, a marcha da insensatez. O veterano político sabe, porém, que, a duas semanas das eleições mais crítica dos últimos tempos, quase no fim de uma campanha carregada de ressentimentos e ousadias contra a Justiça emitidas de dentro da cadeia por um condenado que demonstra não estar minimamente interessado em harmonia nacional, e logo após o atentado contra o candidato que lidera as sondagens, será difícil reverter o rumo da agressividade e da intolerância reinantes. Nesse sentido, seu apelo se nivela às propostas irrealizáveis dos candidatos a que se refere no texto. Só nos resta rezar para que, após o processo eleitoral, as forças que se digladiaram entendam a gravidade dos problemas a serem enfrentados, reúnam os cacos e entendam que, como o próprio FHC finaliza, a Nação é o que importa neste momento histórico. PAULO ROBERTO GOTAÇ pgotac@gmail.com
Rio de Janeiro
Chamamento tardio
Em 1989 não houve coalizão do centro democrático, que ficou de fora do segundo turno, disputado por Lula e Collor. Em 2018 tampouco há coalizão do centro para evitar a atual polarização entre Fernando Haddad e Jair Bolsonaro, que rumam em direção ao segundo turno. A fragmentação do centro, a radicalização política e a polarização ideológica dos extremos são fruto e consequência do presidencialismo, do personalismo e do centralismo, que enfraquecem os partidos, os programas e o federalismo. O chamamento contra a marcha da insensatez parece tardio, quando já se está à beira do precipício e sem consenso para uma conciliação nacional. LUIZ ROBERTO DA COSTA JR. lrcostajr@uol.com.br Campinas
Toada sombria
A carta aberta divulgada pelo ex-presidente Fernando Henrique aos eleitores e eleitoras é contundente, lúcida e verdadeira. Ao que tudo indica, no entanto, chega tarde demais. O tão esperado apoio do chamado Centrão a Geraldo Alckmin – o único candidato que, segundo FHC e os brasileiros de bom senso, tem “melhores condições de êxito eleitoral” entre os candidatos de centro para evitar o “aprofundamento da crise econômica, social e política” – não se concretizou, e não foi por acaso. Como muitos previram – e acertaram –, esse Centrão, que de centro não tem nada, é um mero apanhado de parlamentares interessados na própria reeleição e nos conchavos vindouros do próximo governo, seja qual for. O cenário do País, neste momento em que os líderes nas pesquisas se pautam pelo discurso populista, rasteiro e demagógico, é, sim, dramático. E a única forma de deter a “marcha da insensatez” seria votar em candidatos sensatos, tanto para o Executivo como para o Parlamento. Voto é coisa séria e votar exige consciência e aprendizado. As perspectivas para o próximo pleito são, infelizmente, desanimadoras. A continuar esta toada sombria, é bem possível que FHC tenha de reescrever essa mesma carta nas eleições de 2022. LUCIANO HARARY lharary@hotmail.com
São Paulo
Nome aos bois
Em editorial, a revista britânica The Economist diz que Jair Bolsonaro é uma ameaça ao Brasil e à América Latina. Diz também que a economia do País “é um desastre, as finanças públicas estão sob pressão e a política está completamente podre”. É verdade, mas omite que tudo o que o País vive hoje se deve ao “exemplar” governo do PT e que muitos petistas se encontram presos, especialmente o chefão Lula da Silva, condenado e trancafiado. Falar é fácil, o duro é dar o nome aos bois que saquearam o Brasil. Será mais uma obra de petista descontente?
JÚLIO ROBERTO AYRES BRISOLA jrobrisola@uol.com.br
São Paulo
Ameaça à democracia
Infelizmente, a visão a distância da prestigiosa revista The Economist acusa certa miopia. A meu ver, a verdadeira ameaça à democracia em nosso país é o lulopetismo, tão venerado por incautos, alimentador da corrupção monstruosa que se instalou ao longo do nefasto governo petista e tendo o candidato Fernando Haddad projetando a imagem do seu mentor, Lula da Silva, preso por crimes comuns, a quem pretende submeter-se política e moralmente, caso eleito. PAULO EDUARDO GRIMALDI pgrimaldi@uol.com.br
Cotia
ATENTADO A BOLSONARO Crime imperfeito
Não existe crime perfeito. Por mais que a polícia não queira enxergar, o fato mais importante no crime contra Bolsonaro não é a faca, mas a presença de quatro advogados de uma renomada banca caríssima de Belo Horizonte, a que poucas pessoas têm acesso, surgidos de imediato, vindos de avião particular, para a defesa do agressor Adélio Bispo de Oliveira. Alguém acredita que esses advogados te-
“Talvez seja otimismo demais esperar que a união proposta por FHC venha a se concretizar. Mas, nestes tempos bicudos, a que mais se agarrar?” JOSÉ ROBERTO MONTEIRO / SÃO PAULO, SOBRE O APELO À UNIÃO CONTRA OS EXTREMISMOS jm6042645@gmail.com
“FHC tem toda a razão em sua carta: ganhe quem ganhar, o povo terá decidido soberanamente o vencedor. E ponto final” PAULO MARCOS GOMES LUSTOZA / RIO DE JANEIRO, IDEM pmlustoz@gmail.com
nham aparecido de livre e espontânea vontade, sem terem sido contratados por pessoas interessadas em afastar da eleição o presidenciável mais bem colocado nas pesquisas? Usando o raciocínio lógico, é fácil concluir que havia um plano A e se não desse certo, como não deu, pois Bolsonaro sobreviveu e Adélio não foi linchado pelos manifestantes nem morto pela polícia, já havia um plano B, com os advogados adrede preparados a fim de impedirem que o criminoso falasse algo comprometedor. Só não vê quem não quer.
JOSÉ OLINTO OLIVOTTO SOARES
jolintoos@gmail.com Bragança Paulista
Siga o dinheiro
Adélio Bispo de Oliveira, que quase conseguiu matar Jair Messias Bolsonaro, apesar de sua pobreza, vivia viajando por vários Estados, hospedando-se em hotéis simples ou pensões baratas, sim, mas inacessíveis a um desempregado. O militante esquerdista há anos vinha se preparando para o atentado que pôs em prática em 6 de setembro. Lúcido e articulado, alegou ser o motivo de seu crime a divergência política com o candidato. Fez curso de tiro, bem pago, possuía dois notebooks e quatro celulares, conseguiu no mesmo dia quatro advogados bancados por sujeitos ocultos e tinha amigos até na Câmara dos Deputados, que visitava secretamente. Obviamente sua ação foi política, mas para não ser enquadrado na Lei de Segurança Nacional foi aconselhado a alegar motivação religiosa e agora lhe imputam até insanidade mental. Para quem tem olhos de ver, está tudo muito claro. A quem poderia interessar o alijamento do candidato da campanha eleitoral? Ele é uma pedra no sapato de quem? Follow the money! CLÉA M. GRANADEIRO CORRÊA
cgranadeiro@construtivo.com São Paulo