Dilma entra na campanha de Haddad
Candidato, que tenta colar sua imagem à de Lula, mas manter distância regulamentar da presidente cassada, participou de evento em MG
“A sabotagem começou no dia da eleição, e o próprio PSDB reconheceu isso.”
“Vamos fazer um acerto de contas sem revanchismo, sem ódio. Queremos que vocês, que o povo brasileiro, mandem no Brasil. Eles têm que aprender a respeitar o resultado das urnas. O povo vai se lembrar de tudo o que aconteceu.” Fernando Haddad
CANDIDATO DO PT À PRESIDÊNCIA
Um dia depois de participar do primeiro debate como presidenciável do PT – e ser questionado pelos adversários sobre denúncias de corrupção contra seu partido e a crise econômica –, o candidato Fernando Haddad participou ontem de um ato de campanha ao lado da presidente cassada Dilma Rousseff, em Ouro Preto (MG). Foi a primeira viagem de Haddad como candidato à Presidência a Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do País.
O presidenciável negou qualquer atrito com Dilma, candidata ao Senado, e abraçou a presidente cassada. “Às vezes vocês adoram inventar”, disse Dilma. Desde que foi oficializado candidato do PT, Haddad tem procurado colar sua imagem à de Luiz Inácio Lula da Silva – condenado e preso na Operação Lava Jato – e manter certa distância de Dilma, que deixou o governo com baixos índices de aprovação popular. Além disso, até o ano passado, o ex-prefeito, um dos principais críticos do governo da presidente cassada, agora sai em sua defesa.
Ontem, Haddad voltou a falar que Dilma sofreu uma “sabotagem” durante o período que antecedeu o impeachment, em 2016, repetindo as declarações que havia feito em entrevista ao Jornal Nacional, semana passada. “A sabotagem começou no dia da eleição, e o próprio PSDB reconheceu isso”, disse Haddad, se referindo à entrevista dada pelo ex-presidente do PSDB Tasso Jereissati, ao Estado.
Haddad afirmou que, se eleito, fará um acerto de contas sem revanchismo. “Vamos fazer um acerto de contas sem revanchismo, sem ódio. Queremos que vocês, que o povo brasileiro, mandem no Brasil. Eles têm que aprender a respeitar o resultado das urnas.”
Além de Dilma, o ex-prefeito de São Paulo esteve acompanhado da candidata a vice-presidente, Manuela d’Ávila, do PCdoB, do governador mineiro, Fernando Pimentel, candidato à reeleição pelo PT, da postulante a vice-governadora, Jô Moraes, do PCdoB, e do segundo candidato ao Senado da coligação, Miguel Corrêa, do PT, que esteve em um ato de campanha da chapa mineira pela primeira vez.
No discurso, na Praça Tiradentes, um dos principais pontos turísticos de Ouro Preto, Haddad lembrou de suas ações quando esteve à frente do Ministério da Educação, durante o governo Lula. O ex-prefeito de São Paulo falou sobre ter transformado a cidade histórica em “cidade universitária”, e lembrou também da criação das cotas universitárias, voltadas para estudantes de escolas públicas e de classe baixa.
Além do ato público de campanha, Haddad visitou o Museu da Inconfidência e assinou uma “carta-compromisso” com medidas voltadas para a cultura nacional. “É um compromisso com a nossa história, vamos fazer alterações na legislação de fomento à cultura, para incorporar uma parcela do orçamento voltado para o patrimônio histórico”, disse o candidato petista, após lembrar do incêndio no Museu Nacional, no Rio, no início deste mês.
Haddad evitou fazer qualquer crítica ao candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes. “O Ciro às vezes diz uma coisa e às vezes diz outra.”
Valores. O valor recebido por Aécio oriundo do fundo eleitoral via direção nacional do partido é bem superior ao repassado a outros candidatos tucanos de expressão no Estado e que disputam o mesmo cargo. O presidente estadual da legenda, Domingos Sávio, por exemplo, recebeu R$ 900 mil. Já o vice-presidente, Paulo Abi Ackel, R$ 500 mil. Ambos disputam a reeleição.