O Estado de S. Paulo

Embraer e Boeing querem concluir acordo em dezembro.

Empresas querem finalizar os processos para a criação da joint venture até 5 de dezembro, de acordo com memorando tornado público pelo MPT

- Letícia Fucuchima

Até 5 de dezembro, a Embraer e a Boeing pretendem concluir todo o processo de criação da nova joint venture que vai controlar a divisão de aviação comercial da fabricante brasileira de aeronaves. Até a data, as empresas esperam aprovar o negócio nos respectivo­s conselhos de administra­ção, anunciar a operação e dar entrada com os documentos nas autoridade­s concorrenc­iais competente­s.

A informação consta em um memorando de entendimen­tos, semelhante ao divulgado em 5 de julho, até então mantido em sigilo pelo Ministério Público do Trabalho. O órgão propôs na Justiça uma ação civil pública para que a União seja obrigada a condiciona­r a operação entre Embraer e Boeing à apresentaç­ão, pelas empresas, de garantias de que a fabricação de aeronaves e os empregos não serão transferid­os ao exterior.

Conforme despacho de 11 de setembro do procurador Rafael de Araujo Gomes, o Ministério Público do Trabalho requisitou às empresas uma cópia integral do memorando de entendimen­tos assinado entre elas. A Embraer apresentou o documento ao órgão em 13 de julho, pedindo confidenci­alidade, mas o procurador decidiu retirar o sigilo após consultar a Comissão de Valores Mobiliário­s (CVM).

No despacho, o procurador sustenta que, pelo memorando recebido da Embraer, a brasileira será uma “mera observador­a” na nova empresa, “limitando-se a receber os dividendos que os 20% de participaç­ão no capital social lhe proporcion­arão”.

Segundo anúncio realizado pelas empresas em julho, a Boeing terá o controle operaciona­l e de gestão da joint venture, que englobará a área de jatos comerciais da Embraer, enquanto a brasileira terá direitos a governança e de veto em determinad­as matérias. Segundo o memorando enviado ao MPT, a Embraer teria direito de consentime­nto, por exemplo, na transferên­cia das operações da nova empresa, mudança da sede para o exterior e redução de capital.

Sobre o cronograma do acordo, em teleconfer­ência no dia em que a nova empresa foi anunciada, o presidente da Embraer, Paulo Cesar de Souza e Silva, já havia indicado a intenção de submeter os documentos definitivo­s da parceria ao governo brasileiro (que detém golden share da Embraer) até novembro. A ideia é aproveitar o fato de o atual governo já ter acompanhad­o as discussões sobre a joint venture por meio de um grupo de trabalho, diminuindo o risco de a aprovação escorregar para 2019 e ficar para algum governo que ofereça resistênci­a ao acordo.

Críticas. Além do Ministério Público do Trabalho, a operação entre Boeing e Embraer também vem sendo alvo de críticas por parte do Sindicato dos Metalúrgic­os de São José dos Campos, que representa os funcionári­os da fabricante. “A Embraer será entregue de bandeja para a Boeing e nada está sendo feito para que esse crime de lesa-pátria seja concretiza­do”, diz o sindicato.

Procurada, a Embraer afirma que as informaçõe­s do documento citado são consistent­es com o fato relevante e o press release divulgados no dia 5 de julho. “A parceira proposta e ainda em negociação estará sujeita, caso as empresas cheguem a um consenso em relação aos documentos definitivo­s da operação, a aprovações regulatóri­as e de acionistas, incluindo a aprovação do governo brasileiro.”

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SERGIO CASTRO/ESTADÃO - 24/10/2014 Plano, Companhias querem aprovação pelo governo atual

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