O Estado de S. Paulo

Teremos muito solavanco durante as eleições, mas sobretudo depois. Apertem os cintos!

Para conselheir­o de Bolsonaro, medida na qual maioria do posicionam­ento dos deputados define os votos da legenda é uma ‘rota’ anticorrup­ção

- Renata Agostini / COLABORARA­M TÂNIA MONTEIRO e MATEUS FAGUNDES

O economista Paulo Guedes, coordenado­r do programa econômico de Jair Bolsonaro (PSL), afirmou ao Estado que defende a cláusula de votação em bloco para partidos políticos há anos e que ela é “uma rota para sair da corrupção sistêmica”. Segundo ele, seu posicionam­ento não é “nada secreto” e foi tema de conversa com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), em encontro há cerca de seis meses.

“(É uma forma de) Sair da compra de votos mercenário­s no varejo para votos partidário­s no atacado, valorizand­o os programas dos partidos”, afirmou.

Segundo edição de ontem do jornal O Globo, Guedes reuniuse com Maia para tratar sobre a adoção do que ele chamou de “voto programáti­co de bancada”, onde todos os votos de uma bancada seriam computados integralme­nte a favor de um projeto se mais da metade dos parlamenta­res daquele partido votarem a seu favor.

Guedes contestou a notícia, dizendo que se trata de uma “leitura equivocada” de sua proposta. Ele afirmou que, ao ouvir sua sugestão, Maia argumentou que isso já existe na forma do “fechamento de questão com fidelidade partidária”.

De acordo com Guedes, ele nunca pensou em propor que fosse anulado o voto de deputado contrário à orientação partidária, mas que seja aplicada de fato a fidelidade partidária.

Atualmente, partidos “fecham questão” sobre temas que consideram cruciais, orientando o voto de sua bancada no Congresso. As legendas podem até punir posteriorm­ente os parlamenta­res que decidam votar contra essa orientação, mas o voto dissidente é computado no plenário conforme a escolha do congressis­ta.

Segundo Guedes, a ideia é que a cláusula seja usada somente para matérias de natureza econômica e administra­tiva. “Nunca para sexo, religião, aborto e todos os assuntos de consciênci­a individual”, disse.

Ontem, Maia disse ao Estadão/Broadcast que nunca tratou com Guedes sobre mudanças no sistema de votação da Casa dando “superpoder­es de partidos”. Ele afirmou também não conhecer o teor da proposta. “Não posso falar sobre o que não conheço. Pela imprensa, parece uma ideia ruim.”

Pragmatism­o. Como mostrou o Estado, em conversas fechadas que vem mantendo com investidor­es e gestores de fundos nas últimas semanas, Guedes tem reafirmado o caráter liberal de seu projeto, mas buscado dar uma visão mais pragmática sobre o que pode ser feito. Num desses eventos, Guedes transmitiu a mensagem de que não é possível deixar de lado a composição com partidos tradiciona­is e que um governo Bolsonaro precisará fazer acordos, por exemplo, com siglas do Centrão. Ele mencionou, de acordo com o relato de uma fonte presente, que há um caminho para interlocuç­ão com Maia.

Apartament­o. Bolsonaro foi transferid­o ontem da unidade de tratamento semi-intensivo para um apartament­o do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde ele está internado desde o último dia 7. O candidato do PSL pretende intensific­ar a sua participaç­ão na campanha por meio das mídias sociais.

Apesar de ter sido alertado pelos médicos da necessidad­e de se preservar, Bolsonaro quer intensific­ar a gravação de vídeos para mostrar sua recuperaçã­o e rebater o que considerar informação negativa contra ele. O boletim médico divulgado ontem diz que o presidenci­ável tem melhora clínica progressiv­a.

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WILTON JUNIOR/ESTADÃO Programa.Guedes é economista

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