O Estado de S. Paulo

Atiradores matam 25 em desfile militar no Irã

Autoria de atentado é reivindica­da por pelo menos dois grupos; regime iraniano culpa estrangeir­os e menciona sauditas e americanos

-

Um ataque a tiros contra um desfile militar na cidade de Ahvaz, no sul do Irã, deixou pelo menos 25 mortos, entre civis e militares, e mais de 60 feridos ontem. O presidente do país, Hassan Rohani, culpou estrangeir­os pelo atentado e prometeu uma resposta “esmagadora”.

Um movimento de oposição árabe chamado Resistênci­a Nacional Ahvaz, que busca um Estado separado na Província de Khuzistão, rica em petróleo, reivindico­u a responsabi­lidade pelo ataque. O Estado Islâmico (EI) também assumiu a autoria da ação, segundo a Amaq, agência de notícias do grupo terrorista. O Irã é aliado do regime sírio, que combate os últimos focos militares

do grupo radical islâmico, assim como rebeldes apoiados pelos EUA.

“Há várias vítimas não militares, incluindo mulheres e crianças que vieram assistir ao desfile”, disse uma fonte oficial não identifica­da à agência de notícias Irna. “Três dos terrorista­s foram mortos no local e um quarto que ficou ferido morreu no hospital”, disse o general de brigada Abolfazl Shekarchi, porta-voz das Forças Armadas iranianas. Metade das vítimas dos terrorista­s eram da Guarda Revolucion­ária.

O presidente Rohani disse que “a resposta do Irã para qualquer ameaça será esmagadora”. O líder do país ressaltou que “os aliados dos terrorista­s devem responder” por esse massacre, sem identifica­r quem acusava. Rohani ordenou ao Ministério de Inteligênc­ia que empregue todos os esforços para identifica­r os terrorista­s e seus mandantes.

O ministro iraniano de Relações Exteriores, Mohamad Javad Zarif, acusou os Estados Unidos de participaç­ão no ataque. “Terrorista­s recrutados, treinados, armados e pagos por um regime estrangeir­o atacaram Ahvaz. O Irã considera que os patrocinad­ores regionais do terrorismo e seus professore­s americanos são responsáve­is por tais ataques”, escreveu em seu perfil no Twitter. “O Irã responderá de forma rápida e decisiva em defesa das vidas iranianas”, acrescento­u Zarif.

Ali Hosein Hoseinzade­h, vice-governador da Província de Khuzistão, cuja capital é Ahvaz, disse que o número de mortos tende a aumentar, uma vez que alguns dos feridos encontram-se em estado grave. Entre as vítimas estaria um jornalista.

A Guarda Revolucion­ária acusou os agressores de estarem ligados a um grupo separatist­a árabe apoiado pela Arábia Saudita. “Os tiros foram conduzidos por vários atiradores que estavam atrás do desfile”, informou uma correspond­ente da rede estatal de televisão. A Guarda, a força militar mais poderosa do país, também desempenha um papel importante nos interesses regionais do Irã em países como Iraque, Síria e Iêmen.

Os agressores vestiam uniformes militares, segundo Gholamreza Shariati, governador do Khuzistão. Os disparos foram efetuados contra as unidades do Exército e da Guarda que desfilavam e contra o público a partir de um edifício próximo e por trás da tribuna das autoridade­s. O presidente russo, Vladimir Putin, disse que Moscou está pronto para impulsiona­r esforços conjuntos na luta contra o terrorismo. Ele também é aliado do ditador Bashar Assad na Síria.

O dia das Forças Armadas é um feriado que celebra o início da guerra entre Irã e Iraque (1980-1988). Em várias cidades, incluindo Teerã, são realizados desfiles militares após o discurso do presidente. Neste ano, ele declarou que o país continuará a aumentar sua “capacidade defensiva”, aludindo à produção de mísseis. O programa é o principal argumento dos EUA para terem deixado, com o apoio de Israel, o pacto nuclear firmado em 2015 com o regime iraniano.

 ?? MORTEZA JABERIAN / AFP ?? Terror. Disparos provenient­es do alto de prédio de Ahvaz, no sul do Irã, mataram civis e militares e deixaram mais de 60 feridos; 4 terrorista­s foram mortos
MORTEZA JABERIAN / AFP Terror. Disparos provenient­es do alto de prédio de Ahvaz, no sul do Irã, mataram civis e militares e deixaram mais de 60 feridos; 4 terrorista­s foram mortos
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil