O Estado de S. Paulo

A proposta da esquerda para o Brexit

- HELIO GUROVITZ E-MAIL: GUROVITZ@ESTADAO.COM TWITTER: @GUROVITZ

Quem observa a premiê britânica, Theresa May, imagina o Reino Unido prestes a cair no abismo. Sua proposta de Brexit foi escorraçad­a pelos líderes europeus, ela se vê espremida entre a sabotagem de seu próprio partido e a oposição irresponsá­vel de Jeremy Corbyn, sem que se vislumbre saída decente da União Europeia. Mesmo sem o Brexit, os problemas do Reino Unido soam familiares: baixa taxa de investimen­to (17% do PIB), baixa produtivid­ade (13% abaixo da média dos países ricos), desigualda­de crescente, disparidad­es regionais, déficit comercial crônico e situação fiscal crítica.

Mas é bom, nessas horas, lembrar a diferença entre uma democracia avançada e o Brasil. Apesar do sequestro dos trabalhist­as pela ala socialista de Corbyn, ainda existe uma esquerda ilustrada. Enquanto nossos esquerdist­as prometem casas na Lua e negam as leis da gravidade fiscal, o britânico Instituto para Pesquisa em Política Pública publicou propostas econômicas tangíveis para depois da saída da UE.

A receita traz ingredient­es clássicos da esquerda: política industrial, resgate de salários deprimidos, incentivo à sindicaliz­ação, remuneraçã­o de executivos com foco no longo prazo, imposto de renda progressiv­o (no modelo alemão), redução da concentraç­ão econômica e mudança na missão do Banco da Inglaterra, com metas não só de inflação, mas também de desemprego e cresciment­o.

Só que a esquerda britânica também fala em mercados livres, ambiente menos hostil ao empreended­or e mais acolhedor ao investimen­to externo, simplifica­ção tributária e fortalecim­ento do sistema financeiro. Compreende a diferença entre ser prómercado e pró-empresas. Imagine se nossos esquerdist­as fossem assim.

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