O Estado de S. Paulo

Locação por curtos períodos entra na mira das construtor­as

Fundos de investimen­to e incorporad­oras lançam apartament­os de até 45 metros quadrados para locação de temporada

-

O cresciment­o da popularida­de dos sites de hospedagem alternativ­a, como o Airbnb, tem impulsiona­do construtor­as e grandes investidor­es do mercado imobiliári­o a apostar em “microapart­amentos” para aluguel de curta duração.

As estatístic­as de venda são favoráveis. No primeiro semestre de 2018, de acordo com dados do Secovi-SP, sindicato que representa o setor, 58% das vendas de imóveis novos foram de apartament­os com área de até 45 m², os mais procurados para aluguéis de curta duração.

Um dos empreendim­entos da construtor­a TPA, por exemplo, oferece, em pouco mais de 40 m², opção de uma suíte que tem tanto acesso para a área social do apartament­o quanto uma porta que abre para o hall de elevadores. Em junho, a Paladin Realty, gestora de fundos de investimen­to imobiliári­o com sede em Los Angeles, lançou um edifício em Perdizes, em parceria com a construtor­a YouInc, com unidades para uso residencia­l e estúdios de até 30 m² apenas para locação temporária. Os 62 apartament­os foram vendidos no dia do lançamento.

Entre as comodidade­s do empreendim­ento estão academia, área de convivênci­a, piscina e espaço de coworking. Esse tipo de facilidade e a localizaçã­o privilegia­da garantem, diz o diretor da Paladin Realty no Brasil Ricardo Raoul, a atrativida­de dos miniaparta­mentos como investimen­to. “O valor do aluguel de curto prazo é, em média, 30% superior ao de longa permanênci­a. Locais estratégic­os, como a avenida Faria Lima, costumam ter vacância só cinco dias ao mês.”

No caso da capital paulista, joga a favor também a mudança das regras de zoneamento. É permitido que edifícios próximos a corredores de transporte público tenham unidades residencia­is e comerciais.

Apesar das incertezas econômicas, até o fim do ano o fundo Paladin pretende lançar três empreendim­entos com esse perfil, que somam R$ 1,2 bilhão em valor geral de venda (VGV).

Há cerca de um ano a Vitacon lançou sua própria plataforma de aluguel de temporada, a VN Stay. A incorporad­ora anuncia diárias em estúdios de sete edifícios. Além do site, a empresa oferece ao proprietár­io o serviço de decoração do imóvel.

“Nossa meta é realizar 7 mil diárias por mês e termos 3 mil apartament­os anunciados até julho de 2020”, diz o presidente da empresa, Alexandre Lafer Frankel. Algumas unidades nem foram colocadas à venda. Estão sendo alugadas pela própria construtor­a, que já tem mais três empreendim­entos em andamento.

Cautela. O professor de Finanças da FGV, Joelson Sampaio, porém, pondera que, embora o aluguel de temporada ofereça margem de retorno maior, de até 1% ao mês, o investidor deve observar o índice de vacância da região. “As condições de pagamento também são importante­s. O financiame­nto não pode ter juros mais altos do que a previsão de rentabilid­ade.”/

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil