Planejamento e mobilidade
Um dos assuntos mais falados atualmente refere-se à mobilidade urbana. A Semana Nacional de Trânsito, de 18 a 25 de setembro, nos lembra que morar em uma cidade grande, onde o sistema de transporte coletivo não atende às necessidades dos habitantes é um ônus insuportável. Perder horas no trânsito, estar sujeito a assaltos e às intempéries ou ser surpreendido por falha dos ônibus e trens são situações que ninguém está mais disposto a enfrentar. Daí as inúmeras propostas, públicas e privadas, novas e antigas, que têm pautado o desenvolvimento e crescimento das cidades brasileiras, como o metrô, corredores de ônibus, Uber, carros e bicicletas pay-per-use, patinetes elétricos e aplicativos GPS.
O metrô é o meio de transporte mais seguro, veloz e eficiente, mas o mais caro. Um quilômetro pode custar até um US$ 1 bilhão, dependendo das dificuldades da obra (na Linha 4 de São Paulo, o valor médio por quilômetro é de U$S 220 milhões). Ademais, é um investimento de longo prazo. Portanto, é uma solução somente para cidades de grande porte e recursos financeiros.
Os corredores de ônibus, embora também exijam alto investimento, são mais viáveis, face à rapidez da implantação e custo menor (US$ 10 milhões por quilômetro, em média) adotados em municípios como Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro. Outra solução é o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), recém-inaugurado no Rio de Janeiro e em Santos. É uma opção urbanística para curtos trajetos e com forte impacto turístico.
Excetuando-se os sistemas de transporte de massa, restam propostas acessórias como o Uber, carros e bicicletas pay-per-use. Um exemplo foi o investimento que São Paulo realizou na construção de mais de 400 quilômetros de ciclovias (diga-se que mais de 90% referem-se a ciclofaixas, inseguras e de difícil manutenção). Embora conceitos simpáticos e de apelo tecnológico-ambiental, são individuais e elitistas.
Na cidade, uma das mais afetadas pela precariedade dos deslocamentos, uma alternativa sequer é cogitada: a navegabilidade dos rios Pinheiros e Tietê.
Não há solução fácil e imediata para a mobilidade. Mas, sem dúvida, um dos mais importantes fatores para diminuir as viagens, apesar de muito pouco abordado, é o planejamento urbano, em especial de longo prazo. Cidades compactas, onde as distâncias entre os locais de moradia, trabalho, escolas, comércio e serviços são mais curtas, o adensamento populacional mais intenso e o uso do solo mais diversificado, apresentam melhores condições de deslocamento, melhor saúde de seus moradores, que andam mais a pé e de bicicleta, vencendo o sedentarismo, e menos poluição pelo não uso do automóvel.
O Centro de São Paulo poderia servir como bom exemplo de cidade compacta. Há anos, o município luta para melhorar a região, mas sem êxito.
Uma sugestão seria instituir potenciais construtivos muito superiores aos atuais, tanto para uso residencial, como comercial e de serviços, privilegiando o transporte coletivo já existente (metrô e ônibus) e tornando a área amigável dia e noite.
Com inovação e criatividade, podemos achar soluções de mobilidade mais econômicas e de curto prazo. O planejamento urbano pode ser um grande aliado.