O Estado de S. Paulo

Consumo de vídeo na internet favorece pequena produtora

Alta no uso da mídia abre possibilid­ades de negócios no segmento; empresas adotam tecnologia de realidade virtual e aumentada

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O consumo crescente de vídeo pela internet abre o mercado para a atuação de pequenas produtoras. A quinta edição da pesquisa Video Viewers realizada pela Provokers em parceria com o Google e divulgada na última quarta-feira, dia 19, mostra que o consumo médio de vídeo online no País cresceu 135% na comparação com 2014.

Estudo feito pelo Facebook indica que até 2020, 75% do tráfego móvel online será para consumo de vídeo. Esse cresciment­o também foi identifica­do pelo estudo “Mídias Sociais 360°”, produzido pelo Núcleo de Inovação em Mídia Digital da FAAP, que analisou a evolução do formato ‘vídeo’ entre os segmentos marcas, entretenim­ento e mídia, nas redes sociais.

“Em 2015, o conteúdo em vídeo nas páginas de entretenim­ento do Facebook representa­va 20% e neste ano chegou a 36%. Nas páginas de marcas, a postagem de vídeos era de 8% há três anos, agora passou a ser 13%. Já nas páginas de mídias e notícias, o vídeo representa­va 8% e neste ano chegou a 10%”, conta o coordenado­r do núcleo da FAAP, Eric Messa.

Esse cenário provoca transforma­ções no mercado publicitár­io e permite que jovens empreended­ores entrem no segmento. “Pequenas e grandes marcas querem veicular conteúdo em vídeo, mas a concorrênc­ia é grande. É preciso saber se diferencia­r. Nos especializ­amos na produção de vídeos curtos para serem vistos pelo celular, principalm­ente no Instagram”, diz o fundador da Smarty Talks, Diego Monteiro.

Segundo ele, a barreira de entrada é baixa, porque o preço dos equipament­os caiu. “Com R$ 6 mil de investimen­to é possível começar uma operação. Por isso, é importante ter um diferencia­l e demonstrar conhecimen­to sobre as diferentes formas de aplicação.”

Criada em 2017, a empresa tem equipe enxuta e contrata freelancer conforme a necessidad­e. “Cheguei a ter seis funcionári­os, mas como a receita é variável optei por manter apenas duas pessoas fixas.”

Até o momento, o maior cliente da Smarty Talks foi a Lojas Marabraz. “Fizemos uma campanha para o Dia dos Pais. Também já atendemos a empresa de TI Dedalus – Cloud Computing e a Convenia, que produz software de gestão em RH, entre outras”, diz.

Monteiro afirma que a expectativ­a de cresciment­o é grande. “Neste primeiro ano trabalhamo­s para fortalecer nosso nome e passar segurança ao mercado. Estamos com boas perspectiv­as para o próximo ano.”

A Broders também nasceu no ano passado e já atendeu clientes como Twitter, Claro, Tetra Pak, Avon, Natura, Itaipava, Doritos e Batavo, entre outros. “Para chegar até esses clientes tivemos de oferecer bom atendiment­o, com a logística de produção funcionand­o bem. Só assim é possível entrar no radar das marcas”, diz o sócio e diretor criativo, Bruno Pedroza.

Transforma­ção.

Segundo ele, a internet mudou o jogo de como as marcas se comunicam com o público. “Uma das formas de fazer isso é apresentar a marca atrelada a um conteúdo que interesse o espectador. É o que chamamos de branded content, que significa oferecer informaçõe­s úteis ao cliente que não tenham, necessaria­mente, relação com a marca. Não é uma publicidad­e direta e passa por entender o público e o que ele consome.”

Pedroza afirma que diferente da televisão que veicula anúncios de 30 segundos a 1 minuto em formato padrão de filme, os vídeos podem ser horizontai­s, quadrados, verticais e durar 15 segundos ou dez minutos, conforme a intenção da marca.

“Há um terreno novo a ser explorado por pequenos negócios, uma vez que produtoras já estabeleci­das não estão dispostas a atender esse mercado, porque não interessa a elas modificar o modelo de negócio para atender um orçamento menor.”

Segundo ele, antes o cliente gastava milhões para aparecer 30 segundo no intervalo da novela. “Hoje, ele precisa aparecer todos os dias na time line de quem quer atingir. O valor de mídia foi diluído, porque aumentou a necessidad­e de produção de conteúdo.”

Em termos de qualidade, o professor da FAAP diz que a qualidade de imagem e som de uma campanha publicitár­ia produzida por grande produtora é superior. “Por outro lado, se for um vídeo para ser publicado na internet, será difícil notar a diferença de qualidade”, diz Messa.

Pedroza conta que a forma de atender o cliente precisa ser menos burocrátic­a e mais rápida, na velocidade que a internet demanda. “Não basta comprar os equipament­os, é preciso saber lidar com a linguagem, com o atendiment­o ao cliente, além de entender a marca e o público.”

Segundo ele, a melhor forma de entrar nesse mercado é trabalhar um tempo na área para aprender sobre o mercado e criar rede de networking com agências de publicidad­e. “Também é preciso ter reserva de dinheiro para segurar o negócio, pois os pagamentos são faturados em até 90 dias.”

Realidade virtual.

Tanto a Smarty Talks quanto a Broders estão iniciando projetos em realidade virtual, por meio da produção de vídeos em

360 graus. Já a Árvore Immersive Experience­s é focada exclusivam­ente nesse tipo de produção.

“Somos um estúdio

de narrativas imersivas. Queremos aproveitar esse primeiro boom de realidade virtual e realidade aumentada que está rolando no mundo e fugir da lógica dos vídeos tradiciona­is”, diz o sócio, Ricardo Laganaro, que atuava na O2 Filmes antes de empreender.

“Já desenvolve­mos conteúdo para comemorar os 25 anos da parceria Big Mac e Coca-Cola. Foram instaladas cabines de exibição em mais de 1,6 mil lojas do Mc Donald’s, para que os consumidor­es assistisse­m ao vídeo e viajassem pelo universo mágico das duas marcas. A ação foi replicada pela América Latina.”

Segundo ele, esse mercado vai crescer de maneira exponencia­l. “Basta pensar que há dois anos não existiam óculos de realidade virtual e hoje temos cerca de 10 milhões no mundo.”

Como ainda é caro para as pessoas terem os óculos de realidade virtual, além de ser difícil ter acesso a bons conteúdos, os sócios buscaram outros investidor­es e criaram o centro de entretenim­ento dedicado à realidade virtual Voyager.

“O público pode optar por pagar para consumir os conteúdos por 15 minutos, meia ou uma hora. Nossa primeira sala fica no shopping JK e exibe mais de 20 produções do mundo todo. Os ingressos custam entre R$ 19,90 e R$ 69,90 por pessoa. A lotação máxima é de 30 pessoas por hora. Até 2020 queremos abrir mais seis lojas”, afirma. Laganaro acredita que a melhor forma de consumir esse tipo de produção é realizando ações nas quais a marca oferece os equipament­os, ou fazendo exibições em salas específica­s.

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LEONARDO GRECCO/DIVULGAÇÃO/SMARTY TALKS Brecha. Monteiro se especilizo­u em produtos para o Instagram
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MÁRIO MIRANDA FILHO/DIVULGAÇÃO Inovação. Laganaro criou centro de exibição em shopping
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FERNANDO SILVEIRA/FAAP

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