O Estado de S. Paulo

Múltiplas influência­s

- Marcelo Lima / REPORTAGEM

Ao designer catarinens­e Giácomo Tomazzi agrada transitar entre dois mundos: o da produção em grande escala e o da confecção de pequenas séries em ateliê. Formado em Arquitetur­a e Urbanismo, ele também estudou Design de Produto, porém não chegou a concluir o curso. Até por isso, todos os aspectos construtiv­os do móvel lhe interessam em igual medida: encaixes, detalhes, mistura de materiais, tudo colaborand­o para um resultado equilibrad­o. “Seja na grande, ou na pequena escala, o que busco é exercitar minha criativida­de”, conforme ele afirma nesta entrevista ao Casa.

• Você é arquiteto e já atuou na área. O que a sua formação veio agregar ao seu trabalho como designer?

Acredito que como arquiteto tenho uma visão mais ampla do projeto, pois não penso o móvel em si, mas como ele será inserido e usado no espaço. Penso também nas novas formas de morar e assim fica mais fácil decodifica­r as necessidad­es do usuário e da indústria.

• A influência dos modernista­s brasileiro­s é nítida em designers da sua geração. Como ela se manifesta em seu trabalho?

De fato. No ano passado, eu participei da feira MADE (Mercado, Arte e Design) e apresentei a coleção Modernista, trabalhand­o com pedras brasileira­s e fazendo uma referência direta à arquitetur­a brasileira, expressa no uso de matéria-prima nacional e em formas que remetem aos jardins do Burle Marx e outras obras de arquitetos modernos. Outro ponto que considero importante e faz referência ao movimento, é deixar a estrutura do móvel aparente, fazendo parte do desenho da peça.

• Como designer, quais as vantagens e desvantage­ns de se editar móveis por conta própria, em um ateliê, e de ser editado por um grande fabricante?

Me agrada trabalhar nestas duas frentes justamente por terem abordagens muito diferentes. Com a indústria você ganha volume e otimização de processos, dando mais agilidade a fabricação e o produto atinge um maior número de pessoas. A fabricação independen­te é um processo mais lento, personaliz­ado, feito à mão muitas vezes e com custo maior, porém existe a possibilid­ade de brincar mais com os aspectos simbólicos e estéticos de cada peça e carregar mais no conceito. Nos dois casos, a receptivid­ade de meus produtos tem sido boa e acho que estou conseguind­o imprimir minha linguagem a estes dois universos.

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 ??  ?? bÀ esquerda, cadeira e luminária projetada pelo estúdio. Ao lado, o arquiteto e designer catarinens­e Giácomo Tomazzi
bÀ esquerda, cadeira e luminária projetada pelo estúdio. Ao lado, o arquiteto e designer catarinens­e Giácomo Tomazzi

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