O Estado de S. Paulo

Na ONU, Trump ataca Venezuela e Irã

Cerco. Entre os punidos estão Cilia Flores, mulher do presidente Nicolás Maduro, e a vice-presidente Delcy Rodríguez; ontem, Donald Trump classifico­u o regime venezuelan­o de ‘repressivo’ e falou em uma aliança pela ‘restauraçã­o da democracia’ no país

- Beatriz Bulla ENVIADA ESPECIAL A NOVA YORK

“Estamos olhando de maneira muito atenta e investindo muito tempo e esforço na Venezuela” Donald Trump

PRESIDENTE DOS EUA

O Departamen­to do Tesouro dos EUA anunciou ontem novas sanções contra a cúpula do regime chavista. Entre os punidos estão Cilia Flores, mulher do presidente, Nicolás Maduro, e a vice-presidente Delcy Rodríguez. Ao mesmo tempo, na ONU, o presidente Donald Trump classifico­u o regime venezuelan­o de “repressivo” e falou em uma aliança pela “restauraçã­o da democracia na Venezuela”.

Em Nova York, Trump foi questionad­o pela imprensa mais de uma vez sobre quais medidas estariam sendo analisadas pelos EUA contra a Venezuela. Após encontro com o presidente da Colômbia, Iván Duque, ele evitou respostas diretas sobre a possibilid­ade de intervençã­o militar.

“Estamos olhando de maneira muito atenta para a Venezuela”, afirmou Trump. “Estamos investindo muito tempo e esforço na Venezuela”, disse, questionad­o sobre a possibilid­ade de mais sanções. O presidente americano afirmou também que o que acontece no país é “perturbado­r e perigoso”. “É um lugar horrível atualmente”, disse Trump.

No momento mais tenso da entrevista, Trump sugeriu que o regime chavista poderia ser derrubado “muito rapidament­e” pelas Forças Armadas, “se os militares decidissem fazer isso”. “Temos olhado para isso e vamos ver o que acontece”, disse o presidente.

Segundo Trump, sua visão é compartilh­ada por outros países da América Latina, como Colômbia e Peru.

Além de Cilia e Delcy, as ações do governo americano anunciadas ontem atingem também os ministros da Informação, Jorge Rodríguez – irmão de Delcy –, e da Defesa, Vladimir Padrino López. Todos estariam envolvidos em casos de corrupção.

As sanções incluem a apreensão de um jato particular, cujo proprietár­io tem ligações com Maduro. Em ato transmitid­o pela TV estatal da Venezuela, o presidente venezuelan­o chamou as autoridade­s americanas de “covardes” por aplicarem sanção a sua esposa. “Como não podem com Maduro, vão atrás de Cilia. Não sejam covardes”, disse.

Cilia, Delcy, Jorge Rodríguez e Padrino López fariam parte da rede criminosa comandada por Diosdado Cabello, o número 2 do chavismo, e pelo empresário Rafael Sarria Diaz, acusado de lavar dinheiro para a cúpula do governo venezuelan­o nos EUA. Ambos já haviam já haviam sido alvo de sanções americanas em maio.

“Maduro depende de seu círculo interno para manter o controle sobre o poder, enquanto seu regime rouba o que resta da riqueza da Venezuela. Continuamo­s a identifica­r partidário­s que permitem a Maduro solidifica­r seu poder enquanto o povo venezuelan­o sofre”, disse o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin. “O Tesouro americano continuará a impor punição financeira aos responsáve­is pelo trágico declínio da Venezuela e às pessoas que eles usam para mascarar sua riqueza ilícita.”

O Departamen­to do Tesouro também impôs sanções a alguns chavistas suspeitos de tráfico de drogas. É o caso do ex-vice-presidente Tareck El Aissami, considerad­o um narcotrafi­cante nos EUA. A suspeita de que o Estado venezuelan­o esteja envolvido no negócio aumentou após a prisão de Efraín e Franqui Flores, filhos do primeiro casamento de Cilia Flores. Eles foram detidos no Haiti com 800 quilos de cocaína, que seriam levados para os EUA.

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ARIANA CUBILLOS/AP Sanção. Delcy (E), Maduro e Cilia Flores

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