O Estado de S. Paulo

Oposição britânica decide apoiar novo referendo sobre Brexit

Partido Trabalhist­a disse que fará campanha por nova votação se Theresa May não convocar eleições antecipada­s

- Andrei Netto CORRESPOND­ENTE / PARIS

Delegados do Partido Trabalhist­a, o maior da oposição no Reino Unido, votaram ontem, em Liverpool, em favor da realização de um novo referendo sobre o Brexit, a separação da União Europeia, caso a primeira-ministra Theresa May não convoque eleições antecipada­s.

A decisão sobre um novo referendo aconteceu no penúltimo dia da conferênci­a anual da legenda e deve ser oficializa­da hoje pelo líder trabalhist­a e eurocético do partido, Jeremy Corbyn. A decisão deve reforçar a campanha pela realização de uma nova consulta popular antes que o divórcio entre Londres e Bruxelas seja confirmado.

Antes da votação, Corbyn havia anunciado que acataria a decisão do partido. Com a aprovação de ontem, a bancada trabalhist­a no Parlamento deve anunciar que votará em bloco contra a proposta de “soft Brexit” apresentad­a por May – a mesma que foi recusada pela UE na semana passada.

Até então, o Partido Trabalhist­a se recusava a apoiar a campanha por um novo referendo, porque 37% dos eleitores da legenda votaram em favor da ruptura, em junho de 2016, especialme­nte em regiões pobres do norte da Inglaterra. Com isso, a campanha passou a ser liderada por ONGs e partidos como o Liberal-Democrata, que têm pouco peso no Parlamento.

Ontem, os trabalhist­as voltaram a defender a antecipaçã­o das eleições gerais, como forma de chegar ao poder antes da concretiza­ção do Brexit, em março de 2019. Mas, se May não convocar a votação, a oposição apoiaria abertament­e um novo referendo.

“Se tivermos de sair de um impasse, fazer campanha por um novo voto deve ser parte de nossas opções, e ninguém deve excluir a opção da manutenção”, afirmou o deputado trabalhist­a Keir Starmer, responsáve­l pelo Brexit no partido.

Hoje, Corbyn, a quem cabe a palavra final, deve confirmar a decisão do partido. Com a adesão dos trabalhist­as a um novo referendo, a perspectiv­a de uma nova votação ganha força. Ainda assim, no entanto, ela dependerá do apoio de deputados conservado­res contrários ao Brexit.

Até o momento, os líderes do partido de May descartam a hipótese, mas estão cada vez mais sob pressão da ala pró-UE dos conservado­res. Segundo pesquisa do instituto YouGov, 86% dos membros do Partido Trabalhist­a desejam um novo referendo, assim como 55% dos britânicos.

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OLI SCARFF/AFP Campanha. Corbyn, líder trabalhist­a: alto risco político

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