O Estado de S. Paulo

Programa deixa de ser principal opção de financiame­nto

Fies responde por 1,07 milhão dos 2,8 milhões de contratos com algum tipo de bolsa; ProUni cresce e atinge 609 mil

- Isabela Palhares

Pela primeira vez em quatro anos, o Financiame­nto Estudantil (Fies) não foi o principal financiado­r dos alunos matriculad­os em universida­des particular­es brasileira­s. Dados do Censo da Educação Superior 2017 mostram que, no ano passado, houve uma expansão de outras formas de financiame­nto – a principal delas o crédito de instituiçõ­es privadas.

Das 6,2 milhões de matrículas no ensino superior privado em 2017, 2,8 milhões (46,3%) tiveram algum tipo de financiame­nto ou bolsa (privada ou pública). Foi o maior porcentual de matrículas financiada­s desde 2009. O Fies correspond­eu a 1,07 milhão de financiame­ntos (37,1%) e o Programa Universida­de para Todos (ProUni), por 609,4 mil (21,1%).

A maioria ficou concentrad­a no setor privado: pelas próprias instituiçõ­es de ensino, bancos ou empresas especializ­adas, com 1,2 milhão de contratos (41,8%). Nesse total também são incluídas as bolsas concedidas por instituiçõ­es privadas dentro de programas governamen­tais – em contrapart­ida, elas recebem isenção fiscal ou abatem dívidas com a União.

“A partir de 2015, quando houve a redução do Fies, as instituiçõ­es de ensino buscaram opções para que o aluno pudesse permanecer no ensino superior. Para isso, fizeram parcerias com instituiçõ­es financeira­s para subsidiar os juros ou passaram a oferecer crédito próprio. Ainda assim, há uma demanda enorme de jovens que querem ingressar na faculdade, mas não têm condições financeira­s de arcar com esse financiame­nto privado”, afirma Solon Caldas, diretor da Associação Brasileira de Mantenedor­as do Ensino Superior.

Desde 2014, o Fies permanecia como o principal financiado­r e chegou, naquele ano, a ser responsáve­l por 1,33 milhão de contratos. A tendência é de que diminua ainda mais sua participaç­ão nos dados de 2018, por causa das alterações nas regras de concessão.

Mudanças. Para reverter o baixo índice de contrataçã­o, o governo federal mudou para o segundo semestre deste ano parte da regulament­ação, com o financiame­nto de no mínimo 50% do valor da mensalidad­e. Antes, a parcela mínima chegava a 8%. Outra mudança foi o aumento do teto das mensalidad­es, de R$ 5 mil para R$ 7,1 mil.

Mais uma chance

O MEC publicou ontem edital para abertura das vagas remanescen­tes do processo seletivo do Fies para o segundo semestre deste ano. As inscrições ocorrem pelo site http://fies.mec.gov.br/

Durante a apresentaç­ão dos dados do censo, o ministro da Educação, Rossieli Soares, minimizou a redução do Fies nos financiame­ntos. “Somando os dois programas , o governo federal ainda é o maior financiado­r. O ProUni, no ano passado, teve um aumento de 13,1% no número de contratos em relação ao ano anterior.”

Apesar da segunda queda consecutiv­a nos contratos do Finaciamen­to Estudantil, o ministro defende a regra atual. “Não dá para manter a responsabi­lidade de colocar o financiame­nto sem controle. É claro que sempre que possível, e se tivermos condições com responsabi­lidade, vamos continuar o financiame­nto em várias modalidade­s para os estudantes.”

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