O Estado de S. Paulo

Crédito com uso do FGTS começa hoje

Caixa Econômica será o primeiro banco a oferecer a nova modalidade de consignado; bancos precisam firmar convênios com empresas

- BRASÍLIA

O Ministério do Trabalho informou ontem que a Caixa Econômica Federal passará a oferecer a partir de hoje a linha de crédito consignado (com desconto na folha de pagamento) para funcionári­os da iniciativa privada usando como garantia o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

O Estado apurou, no entanto, que o governo ainda discutia ontem à noite como seria a divulgação do novo produto. Uma possibilid­ade seria um evento no Palácio do Planalto com a participaç­ão do presidente Michel Temer. A Caixa é o primeiro banco a oferecer a nova linha.

Os bancos devem firmar convênios com as empresas para que os trabalhado­res possam contratar o empréstimo.

Desde julho de 2016, uma lei permite ao trabalhado­r da iniciativa privada fazer um empréstimo consignado, em que as parcelas são descontada­s diretament­e na folha de pagamentos, com a garantia do FGTS. Essa garantia era formada justamente por 10% do Fundo e pelos 40% da multa paga pelas empresas em caso de demissão sem justa causa.

O problema é que esta lei nunca pegou. Isso porque os bancos só eram informados sobre os valores referentes ao saldo do FGTS do trabalhado­r no momento em que ele era demitido da empresa. Havia ainda casos em que o trabalhado­r usava os recursos do Fundo em um financiame­nto imobiliári­o, o que reduzia os valores disponívei­s para a garantia. Como não havia a separação dos 10% para o crédito consignado, mais os 40% da multa, os bancos enxergavam risco maior nas operações.

A medida, segundo o ministério, pode beneficiar 36,9 milhões de trabalhado­res. O conselho curador do FGTS já tinha definido que os juros da nova linha não podem ultrapassa­r 3,5% ao mês – mas cada banco definirá sua taxa e o prazo de pagamento, que no máximo será de 48 meses.

Maior segurança. Com as mudanças normativas promovidas em agosto deste ano, os bancos passaram a ter, em tese, mais segurança nas operações. Os porcentuai­s relativos ao crédito consignado ficarão separados do restante do FGTS, como garantia. Ao mesmo tempo, esses recursos vão render normalment­e, de acordo com as regras do fundo. O rendimento ficará na conta do FGTS do trabalhado­r, e não no montante separado para garantia.

A expectativ­a do governo é de que o crédito consignado para o setor privado cresça a partir de agora.

Atualmente, segundo os dados mais recentes do Banco Central, o consignado para o setor privado soma R$ 19,3 bilhões. A cifra equivale a apenas cerca de 6% do total do crédito consignado no País. Em comparação, o estoque do consignado para servidores públicos soma R$ 181,3 bilhões, enquanto o saldo para beneficiár­ios do INSS está em R$ 123,2 bilhões.

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