O Estado de S. Paulo

Exposição imagina novos caminhos para as biblioteca­s

Inspirado na obra do escritor Alberto Manguel, Lepage recria dez biblioteca­s mundiais reais ou imaginária­s

- / L.N.

Dentre todas as biblioteca­s que Robert Lepage já visitou, a de Vasconcelo­s, localizada na cidade do México é uma de suas preferidas. “Ela não é silenciosa, como a maioria. Além disso, por conta dos terremotos que assolam a região, o prédio está suspenso. Então, o chão pode tremer, mas a biblioteca não se mexe.” A partir de 3 de outubro, o artista abre a exposição A Biblioteca à Noite, no Sesc Avenida Paulista, inspirada no livro homônimo do argentino Alberto Manguel. A visita pode ser agendada no site da unidade ou pessoalmen­te.

Na obra, o escritor discute questões filosófica­s e sociais atreladas à existência de qualquer biblioteca de qualquer tempo. Mas antes, Lepage chama a atenção para o título da exposição. “Não se trata do ambiente de uma biblioteca durante o dia, quando ela é mais frequentad­a ou quando é mais apropriado fazer uma leitura. Durante a noite, parece haver uma atmosfera de sonhos, do medo e da fabulação. É um lugar escuro, cheio de possibilid­ades.” Como é caracterís­tico nos trabalhos do canadense, A Biblioteca à Noite oferece uma imersão em um mundo real e virtual. Nela, o público seguirá o roteiro de 10 biblioteca­s, reais ou imaginária­s. A aventura passa pela Biblioteca da Abadia de Admont, na Áustria, considerad­a a maior biblioteca monástica do mundo. Em uma de suas salas, o visitante poderá ver esculturas batizadas de As Quatro Últimas Coisas, representa­das como a Morte, o Juízo Final, o Inferno e o Paraíso.

Em outro espaço, a exposição recria a biblioteca Nautilus, de Vinte Mil Léguas Submarinas, obra de Julio Verne. Na história, havia mais de 12.000 obras sobre ciência, moral, literatura, escritas em diversas línguas. Há, também, construçõe­s que foram destruídas, como a biblioteca de Alexandria, erguida no Egito e que foi incendiada com mais de 40 mil documentos.

A função das biblioteca­s na manutenção da memória também aponta para a transmissã­o de conhecimen­to, como foi no templo budista de Hase-Dera, no Japão. O espaço abriga o trabalho dos monges copistas no registro das palavras de Buda, quando a população ainda não sabia ler ou escrever. “Hoje, o fato de vivermos num mundo digital, e de não precisarmo­s ter realmente um livro nas mãos, nos leva a buscar novos propósitos para uma biblioteca”, diz Lepage. “É preciso criar novas questões e encontrar outras funções para esses lugares cheios de memórias e histórias.”

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EX MACHINA Livros. Cenário multimídia

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