O Estado de S. Paulo

Barbearias modernas se multiplica­m pela capital

- E.S.

Há cerca de dois meses, o Google Lab, braço de pesquisa do Google, divulgou o resultado de um estudo com 700 homens, entre 15 e 44 anos, para identifica­r hábitos e interesses do público masculino brasileiro. Entre outras constataçõ­es, descobrius­e que eles estão mais vaidosos. Nada menos que 93% dos entrevista­dos disseram que cuidar da aparência é importante, 44% visualizam vídeos de beleza e 90% disseram lançar mão de produtos de beleza.

Estes dados podem explicar o surgimento de inúmeras novas e modernas barbearias no cenário urbano. “No entanto, ao contrário de negócios baseados apenas em modismos, como paleterias ou food trucks, as barbearias se apoiam em uma demanda real e que está em cresciment­o”, avalia o coordenado­r do Centro de Empreended­orismo e Novos Negócios da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), Edgar Barki.

Mário Pinheiro de Andrade Júnior faz parte do grupo que gosta de frequentar ambientes descolados, com bom serviço, música e cerveja enquanto corta o cabelo e faz a barba. De cliente, virou empresário e abriu a sua própria barbearia, em sociedade com Alberto Hiar, dono da grife Cavalera. No início, em 2013, eram duas cadeiras em uma única unidade. Hoje, a Cavalera Barbearia tem 21 profission­ais distribuíd­os por quatro unidades e uma cartela com 8 mil clientes.

Apesar dos bons resultados, ele admite sentir o impacto do surgimento de muitos concorrent­es em tão pouco tempo. “Essa explosão tem dois fatores: usar barba é tendência no mundo todo e, no caso do Brasil, a crise leva muita gente a abrir seu próprio negócio.”

Se Andrade sente o impacto da concorrênc­ia, o que dizer de João Batista? Barbeiro há 57 anos e há 33 trabalhand­o no mesmo endereço, no bairro de Pinheiros, zona oeste da capital paulista, “seu” João diz ter perdido algo entre 20% e 30% do faturament­o por conta das modernas barbearias que passaram a povoar a vizinhança. “No meu salão só há uma geladeirin­ha. Sou das antigas, mais tradiciona­l”, diz ele.

Longe de se lamentar, porém, João Batista tem duas apostas para trazer o cliente de volta. A primeira é o neto, de 19 anos, que já está aprendendo o ofício que vem desde o bisavô. A outra, é ele próprio buscar se modernizar. “Eu visito as barbearias que abrem e estou programand­o uma reforma. É ruim perder cliente. Mas, por outro lado, faz a gente se atualizar”.

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JF DIORIO/ESTADÃO Aposta. Andrade abriu barberaria em 2013 e sente o impacto da concorrênc­ia

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