O Estado de S. Paulo

Arco Educação capta em NY R$ 780 milhões

Dona de sistemas de ensino, companhia familiar cearense tem fundo General Atlantic como sócio

- Fernanda Guimarães

Após captar US$ 194,5 milhões (cerca de R$ 780 milhões) na bolsa americana Nasdaq, a cearense Arco Educação, grupo de conteúdo e serviços de ensino, quer ampliar o ritmo de cresciment­o dos negócios, com investimen­tos em tecnologia e novos produtos. A estratégia pode incluir aquisições. Dona da plataforma SAS Sistema de Ensino e da Internatio­nal School, sistema de ensino bilíngue, a companhia vê espaço para aumento de participaç­ão de mercado, hoje em cerca de 5%, consideran­do os 8 milhões de alunos do ensino básico privado no Brasil.

Com o preço de US$ 17,50 definido para o início das negociaçõe­s, o valor da empresa ficou em US$ 850 milhões (R$ 3,4 bilhões). Porém, após o papel subir 34% ontem, para US$ 23,50, o negócio ficou avaliado em US$ 1,2 bilhão (R$ 4,8 bilhões).

Essa é a segunda abertura de capital de uma empresa brasileira fora do Brasil em 2018. Em janeiro, a empresa de “maquininha­s” PagSeguro, do UOL, fez seu IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) na Bolsa de Nova York, girando mais de R$ 7 bilhões. A Stone, que concorre com Cielo, Rede e a própria PagSeguro, também mira uma abertura de capital em solo americano até o fim do ano.

A Arco, que faturou R$ 195,1 milhões no primeiro semestre deste ano, 43% mais do que no mesmo período de 2017, diz que há bastante espaço para expansão no setor de educação básica privada no País. “Temos um oceano azul de oportunida­des”, afirmou o presidente da Arco Educação, Ari de Sá Neto, em entrevista ao Estadão/Broadcast, lembrando que os pais brasileiro­s investem cada vez mais na educação dos filhos.

A Arco estreou na Nasdaq depois de vender mais de 11 milhões de ações, depois de a empresa observar uma elevada demanda entre os investidor­es estrangeir­os. A oferta inicial de ações foi 100% primária, ou seja, todos os recursos provenient­es da emissão vão direto ao caixa da companhia.

Além da família Ari de Sá, que é detentora de colégios no Ceará, a empresa tem como sócio o fundo de private equity General Atlantic há quatro anos, com 25% do capital, considerad­os os números de antes da abertura de capital. “Atraímos investidor­es da qualidade para a empresa, que têm foco no longo prazo e são especializ­ados em tecnologia, que trarão conhecimen­to para a empresa”, disse Sá Neto. Segundo o executivo, a ideia foi, desde o princípio, realizar uma oferta nos Estados Unidos.

Oportunida­de. O perfil do investidor estrangeir­o, de longo prazo, ajudou a companhia a abrir seu capital a apenas duas semanas das eleições presidenci­ais no Brasil, fator que tem contribuíd­o para a volatilida­de no mercado brasileiro e deixado a Bolsa paulista parada.

“Para esse investidor (de longo prazo), a volatilida­de de curto prazo não preocupa. No fim do dia, a aposta é na empresa, nos produtos, no cresciment­o. O modelo de negócio é forte e nos últimos anos conseguimo­s crescer muito, mesmo no período de recessão”, frisou.

Os bancos coordenado­res da oferta foram Goldman Sachs, Morgan Stanley, Itaú BBA, Bank of America Merrill Lynch, BTG Pactual, UBS e Allen & Co.

 ?? ARCO EDUCACAO ?? Oferta inicial. Ari de Sá Neto, durante a estreia da Arco na Nasdaq: alta de 34% no 1º dia
ARCO EDUCACAO Oferta inicial. Ari de Sá Neto, durante a estreia da Arco na Nasdaq: alta de 34% no 1º dia

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