O Estado de S. Paulo

PT e PSL buscam apoio de Meirelles para o 2º turno

Emissários de Haddad e Bolsonaro tentam aproximaçã­o com presidenci­ável do MDB

- Vera Rosa / BRASÍLIA Ricardo Galhardo

“De fato, tanto eles como interlocut­ores da frente centrista nos procuraram”, afirmou o candidato do MDB . “A minha resposta a todos é a seguinte: acho muito prematuro tudo isso. Não cogito de apoiar ninguém”, disse o ex-ministro.

Sem conseguir crescer nas pesquisas de intenção de voto, o candidato do MDB à Presidênci­a da República, Henrique Meirelles, está sendo sondado por emissários do petista Fernando Haddad e de Jair Bolsonaro, presidenci­ável do PSL, que reivindica­m seu apoio em um eventual segundo turno da disputa.

“De fato, tanto eles como interlocut­ores da frente centrista nos procuraram”, disse Meirelles ao Estado, em uma referência à fracassada iniciativa do jurista Miguel Reale Jr., que tentou organizar reunião nesta semana para discutir a formação de uma única candidatur­a de centro para enfrentar o que ele chamou de “extremos”.

“A minha resposta a todos é a seguinte: acho muito prematuro tudo isso. A eleição está em aberto, há grande número de indecisos e eu estou fazendo campanha para entrar no segundo turno. Não cogito de apoiar ninguém”, disse o ex-ministro.

Na mais recente pesquisa divulgada pelo Ibope, Meirelles aparece com apenas 2% das intenções de voto, empatado com Alvaro Dias (Podemos), e bem longe dos líderes.

No debate entre presidenci­áveis promovido, anteontem, pelo SBT, UOL e pelo jornal Folha de S.Paulo, Haddad fez afagos na direção de Meirelles, deixando clara a intenção de conquistar a adesão do ex-ministro da Fazenda para sua campanha. O petista disse que, graças ao apoio do então presidente do Banco Central no governo Lula, pôde “abrir as portas da universida­de aos trabalhado­res”. Na época, Haddad era ministro da Educação.

Até agora, no entanto, Meirelles afirma não ter aceitado qualquer acordo. “O programa de governo do PT, que o Haddad adotou, é o mesmo da Dilma (Dilma Rousseff, presidente cassada), e sou radicalmen­te contra”, afirmou o candidato do MDB.

‘Natural’. Petistas tratam como “natural” a possibilid­ade de Haddad abrir canais de diálogo com nomes como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, amigo pessoal do candidato, e também com Meirelles, colega de Esplanada no governo Luiz Inácio Lula da Silva – condenado e preso na Lava Jato. Eles garantem, no entanto, que estas conversas ainda não acontecera­m.

Oficialmen­te, o PT deve procurar apenas os partidos de centro esquerda como o PDT, do presidenci­ável Ciro Gomes, e a totalidade do PSB. Meirelles será procurado como “pessoa física”, e não por meio do MDB. Marina Silva, candidata da Rede à Presidênci­a, também deve ser procurada. Em todos os casos, oficialmen­te, as conversas devem acontecer só depois do primeiro turno.

Petistas avaliam que iniciativa­s supraparti­dárias como o movimento #elenão, encabeçado por mulheres, e o Democracia Sim, que reúne personalid­ades de diversos segmentos da sociedade alinhadas a diversas candidatur­as, poderiam ser vetores para o surgimento espontâneo de uma frente contra Bolsonaro e, consequent­emente, pró-Haddad.

“O segundo turno vai ser muito plebiscitá­rio, a democracia contra o fascismo, e não um debate programáti­co”, disse Renato Simões, um dos coordenado­res do programa de governo petista.

O partido tem posições diferentes sobre como se relacionar com estes movimentos. Algumas lideranças acham que o partido deve estabelece­r relações formais. Outras avaliam que a vinculação com partidos e a candidatur­a de Haddad pode enfraquece­r estas iniciativa­s.

“A minha resposta a todos (que têm me procurado) é a seguinte: acho muito prematuro tudo isso (anúncio de apoio no segundo turno das eleições). A eleição está em aberto, há grande número de indecisos e eu estou fazendo campanha para entrar no segundo turno. Não cogito de apoiar ninguém.”

Henrique Meirelles CANDIDATO DO MDB À PRESIDÊNCI­A DA REPÚBLICA

 ?? SERGIO DUTTI ?? Sondagem. O candidato do MDB à Presidênci­a da República, Henrique Meirelles, em agenda de campanha em São Paulo
SERGIO DUTTI Sondagem. O candidato do MDB à Presidênci­a da República, Henrique Meirelles, em agenda de campanha em São Paulo

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