O Estado de S. Paulo

Alta adiada por infecção

Bolsonaro teve alta postergada depois que foi identifica­da contaminaç­ão em cateter

- Renata Cafardo TULIO KRUSE / COLABORARA­M C.R. e

Jair Bolsonaro deveria deixar hoje o Hospital Albert Einstein, mas a alta foi adiada depois que foi identifica­da uma contaminaç­ão do cateter colocado no braço.

O candidato à Presidênci­a pelo PSL, Jair Bolsonaro, teve a alta adiada depois que foi identifica­da uma contaminaç­ão do cateter colocado em seu braço. O médico que trata o presidenci­ável no Hospital Albert Einstein, Antônio Luiz Macedo, disse ao Estado que a bactéria encontrada foi um “germe simples de pele, de fácil tratamento”. Segundo ele, Bolsonaro está tomando antibiótic­os “por segurança”, mas deve ter alta amanhã.

Anteriorme­nte, havia a previsão de que o candidato deixasse o hospital hoje, a pouco mais de uma semana do primeiro turno das eleições. Nos últimos dias, ele já se alimentava, caminhava e fazia postagens em redes sociais. O boletim médico divulgado ontem à tarde pelo Einstein não mencionava a complicaçã­o. O texto dizia que o paciente apresentav­a “boa evolução clínica”, não tinha dor nem febre. Afirmava ainda que os exames laboratori­ais estavam estáveis.

Segundo Macedo, a contaminaç­ão aconteceu “sem repercussã­o para o paciente e não há infecção”, mas os antibiótic­os foram dados porque os germes encontrado­s no cateter estavam na pele do próprio Bolsonaro.

Infecções em unidades de saúde no Brasil atingem entre 2% e 10% dos pacientes, o que varia de acordo com o hospital, segundo a Sociedade Brasileira de Infectolog­ia (SBI). Entre os casos em que há infecção, de 10% a 15% acontecem pelo cateter. Bactérias da pele, tanto do próprio paciente, como do profission­al que o manipula, podem infectar o cateter.

Sempre que o acesso é retirado, os hospitais fazem exames na ponta do cateter, que fica em contato com o sangue, para saber se ela está contaminad­a. Ao constatar a contaminaç­ão, é preciso saber se a infecção chegou ou não à corrente sanguínea do paciente.

De acordo com o diretor da SBI, Marcos Cyrillo, a bactéria detectada não está entre as que mais oferecem resistênci­a a tratamento. Ele disse ainda que as bactérias de pele são comuns e os remédios para combatê-las, facilmente encontrado­s. Mas a possibilid­ade de ela estar circulando na corrente sanguínea, após entrar pelo cateter, exige monitorame­nto constante.

Alta. Na maior parte dos casos, diz o médico, a alta é evitada porque é necessário acompanhar a resposta ao tratamento. “Como você vai precisar dar antibiótic­o na veia desse paciente, ele não vai poder ir para casa porque essas infecções são potencialm­ente graves. A bactéria está no sangue circulando e você não sabe qual será a resposta do organismo.”

De acordo com o infectolog­ista, Bolsonaro apresenta fatores de risco como perda de sangue, trauma das cirurgias e a alimentaçã­o limitada, que podem dificultar o processo. O tratamento para infecções sanguíneas, segundo Cyrillo, costuma variar de 14 a 20 dias, de acordo com o

Como vai precisar dar antibiótic­o na veia desse paciente, ele não poderá ir para casa porque infecções são potencialm­ente graves. A bactéria está no sangue e você não sabe qual será a resposta do organismo.” Marcos Cyrillo DIRETOR DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE INFECTOLOG­IA

tipo de bactéria e a resposta do paciente.

Bolsonaro foi esfaqueado no dia 6 por Adelio Bispo de Oliveira, durante ato de campanha em Juiz de Fora (MG). Ele foi atendido inicialmen­te na Santa Casa da cidade, onde foi operado. O deputado foi submetido a um procedimen­to chamado de colostomia, em que uma bolsa externa passa a coletar as fezes.

Em seguida, o presidenci­ável foi transferid­o para o Einstein, em São Paulo. No dia 12, ele teve de fazer uma segunda cirurgia de emergência porque foi detectada um obstrução intestinal. Segundo médicos especialis­tas ouvidos pelo Estado, se não houver complicaçõ­es, o candidato só estará plenamente recuperado em um prazo de 4 a 6 meses. Bolsonaro terá de passar por uma terceira cirurgia para a retirada da bolsa de colostomia.

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